Publicado em 29/12/2025 às 14:24, Atualizado em 29/12/2025 às 18:25
Benjamim sempre acreditou que a vida era feita de passos firmes. Não porque nunca tivesse caído, mas porque aprendera cedo a esconder as dores atrás de decisões rápidas e silêncios longos. Havia nele uma força cansada, dessas que continuam mesmo quando o coração pede descanso.
Beline, ao contrário, carregava no olhar a delicadeza de quem já foi ferida, mas escolheu não endurecer. Tinha fé nas pequenas coisas: no amanhecer que insiste, na oração sussurrada antes de dormir, no amor que se reconstrói em gestos simples.
Eles se encontraram num tempo em que ambos estavam quebrados de formas diferentes. Benjamim vinha de batalhas internas, medos não ditos, uma fé adormecida. Beline vinha de perdas que ensinaram a dor, mas também a esperança. Não foi um encontro barulhento. Foi silencioso, quase tímido — como tudo o que é verdadeiro.
No início, havia receios. Benjamim tinha medo de não ser suficiente. Beline tinha medo de acreditar demais. Ainda assim, decidiram ficar. Porque amor também é decisão, e coragem é permanecer quando fugir parece mais fácil.
Com o tempo, aprenderam que restaurar não é apagar o passado, mas acolhê-lo com misericórdia. Benjamim reaprendeu a orar, não com palavras bonitas, mas com lágrimas sinceras. Beline reaprendeu a confiar, entregando a Deus o que não podia controlar.
Houve dias difíceis. Dias em que o silêncio pesava, em que a fé parecia pequena, em que o amor precisava ser escolhido mais do que sentido. Mas foi nesses dias que cresceram. Porque o amor verdadeiro não nasce pronto — ele é construído.
De mãos dadas, Benjamim e Beline descobriram que recomeçar não é voltar ao início, é seguir adiante com mais consciência, mais fé e mais amor. Descobriram que Deus não une para ferir, mas para curar. Não para dividir, mas para fortalecer.
Hoje, quando olham para trás, não veem apenas as cicatrizes. Veem o quanto foram sustentados. O quanto o amor foi refúgio. O quanto a fé foi alicerce. E o quanto Deus esteve presente mesmo quando parecia distante.
A história deles não é perfeita. É real. Feita de entrega, paciência, perdão e cuidado. Uma história que prova que, quando o amor é guiado pela fé, até o que parecia perdido encontra caminho.
Porque onde há amor, coragem e Deus, sempre há recomeço.
Por - Adriana Paioli