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07/09/2020 às 10:30, Atualizado em 06/09/2020 às 23:05

Moro compara Bolsonaro a Silvio Berlusconi: 'deveria honrar as promessas de campanha'

A comparação com Berlusconi, investigado por casos de corrupção em seu governo na Itália, veio após Moro ser questionado sobre a "ironia" de que a Lava-Jato seja enfraquecida no governo de um político eleito com a bandeira anticorrupção.

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Foto - André Coelho

Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-juiz da Lava-Jato em Curitiba, Sergio Moro, voltou a acusar o governo Bolsonaro de fazer pouco caso com o combate à corrupção e o comparou ao ex-primeiro ministro da Itália Silvio Berluconi.

A comparação com Berlusconi, investigado por casos de corrupção em seu governo na Itália, veio após Moro ser questionado sobre a "ironia" de que a Lava-Jato seja enfraquecida no governo de um político eleito com a bandeira anticorrupção. "É bem peculiar, mas não é incomum", disse o ex-ministro.

"Na Itália, o governo de Silvio Berlusconi foi eleito com essa bandeira e agiu contra a Operação Mãos Limpas. Berlusconi é, hoje, um dos políticos com a imagem mais associada a irregularidades", declarou Moro. "Aqui o atual governo também foi eleito com a bandeira de defesa da Lava-Jato e do combate a alianças com políticos envolvidos em irregularidades, mas tudo indica que tenha sido apenas uma promessa de campanha."

Moro negou que tenha se arrependido de largar a carreira de juiz para se juntar ao governo Bolsonaro, mas disse que o presidente deveria "honrar as promessas de campanha". "Ele deveria, por exemplo, retomar a agenda anticorrupção. Isso demanda não só operações da Polícia Federal, mas também reformas legais que melhorem a estrutura de prevenção e de repressão."

"É fundamental, por exemplo, retomar o projeto da execução após condenação em segunda instância. Não tenho visto o governo apoiar ou trabalhar por essas medidas", afirmou Moro ao Correio Braziliense.

Além disso, o ex-ministro disse que Bolsonaro deveria indicar ao Superior Tribunal Federal (STF) um novo ministro "com viés favorável à Lava Jato e linha-dura contra o crime", em substituição ao decano Celso de Mello que se aposenta compulsoriamente em novembro, ao completar 75 anos de idade.

Seu suposto interesse em concorrer à presidência nas eleições de 2022 "é mera especulação", disse Moro. Mas o ex-juiz se disse contrário a propostas que tentam limitar a candidatura de ex-magistrados, como defende o ministro Dias Toffoli, atual presidente do STF. Moro diz que juízes já passam por "quarentena" de 6 meses.

"Não há razão para ampliar esse prazo e equiparar os juízes a criminosos condenados, por exemplo, por improbidade e corrupção, que ficam inelegíveis por diversos anos", afirmou Moro.

Com informações do Yahoo Notícias

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