Publicado em 18/09/2025 às 12:35, Atualizado em 18/09/2025 às 13:52

Mato Grosso do Sul tem todos os rios abaixo da média histórica e cinco estão em estiagem

“Último período chuvoso não foi suficiente para recuperar os níveis médios anteriores a 2020”, revela analista ambiental do Imasul

Redação,
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Divulgação

Cinco rios de Mato Grosso do Sul estão em nível de estiagem neste mês de setembro, segundo monitoramento da Sala de Situação do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul). Desde 2014, os registros indicam uma tendência de agravamento, com cotas mais baixas e maior persistência da estiagem durante os períodos secos.

Entre os 14 pontos de monitoramento no Estado, apresentam volumes abaixo do esperado os rios Dourados (43 cm), Pardo (35 cm), Miranda (7 cm), Aquidauana (48 cm) e Cuiabá, na divisa com Mato Grosso (22 cm). Os demais seguem em níveis normais, embora abaixo da média histórica.

Segundo o analista ambiental do Imasul, Leandro Neri Bortoluzzi, o aumento de rios em estiagem nos últimos anos está relacionado às chuvas abaixo da média desde 2019. “Mesmo em anos com chuvas dentro da normalidade, o déficit hídrico reduz a recarga do subsolo, baixando o nível do lençol freático e dificultando a recuperação do volume de água nos rios, principalmente nos meses mais secos”, explica.

Comparativo com anos anteriores

Historicamente, setembro marca o fim do período seco em Mato Grosso do Sul, quando os rios costumam atingir as menores cotas. Há exatamente um ano, oito pontos estavam em estiagem. Desde 2014, quando o Imasul iniciou o monitoramento, o mais comum para setembro é ter entre 1 e 3 pontos em estiagem.

“Estamos em uma condição mais favorável em relação a 2024, ano que registrou recordes históricos de baixas cotas. Apesar da melhora, o último período chuvoso não foi suficiente para recuperar os níveis médios anteriores a 2020”, observa Bortoluzzi.

Segundo o analista, a estiagem traz consequências diretas para o meio ambiente e para a sociedade. “Contribui para o aumento do risco de queimadas, reduz a vazão nos rios, diminuindo a disponibilidade hídrica para os diversos usos, e provoca o rebaixamento do lençol freático”, afirma.

Previsão para os próximos meses

De acordo com informações repassadas pela Sala de Situação dos Rios do Imasul, o regime de chuvas no Estado indica que, a partir de outubro, a pluviosidade tende a aumentar com maior intensidade. Em alguns anos, as precipitações mais fortes começam no fim de setembro ou início de outubro, em outros, apenas no fim de outubro ou começo de novembro.

A expectativa é de que os rios menores comecem a se recuperar já em outubro, enquanto o rio Paraguai, por ser mais volumoso, apresenta resposta mais lenta. No ano passado, o Paraguai só saiu do nível de estiagem em dezembro, após registrar em outubro a menor cota da série histórica.

Segundo a régua de medição do Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, do 6º Distrito Naval da Marinha, o cenário em 2025 é mais positivo em relação ao ano passado. Em Porto Murtinho, o rio estava em 0,86 m em 17/09/2024 e, neste ano, subiu para 3,23 m. Em Ladário, o nível registrado na mesma data do ano passado era negativo e, em 2025, chegou a 2,58 m.

Recuperação dos níveis do Rio Paraguai impulsiona transporte de cargas

A recuperação parcial dos níveis do Rio Paraguai em 2025 tem refletido diretamente na economia local. Com a elevação das cotas em Porto Murtinho e Ladário, os portos voltaram a operar com maior regularidade, impulsionando o transporte de cargas. Apesar de ainda não atingir os patamares de 2023, a recuperação da navegabilidade possibilitou a retomada das rotas de escoamento de produtos como minério de ferro e soja.

De janeiro a julho de 2025, foram movimentadas 5,64 milhões de toneladas, um recorde histórico em comparação aos 5,40 milhões registrados em 2023, segundo o Painel Estatístico da ANTAQ. As exportações pelos portos de Corumbá e Porto Murtinho somaram US$ 330,9 milhões, com destaque para minério de ferro, ferro-gusa, outros minérios de base e soja. Apenas o Porto de Corumbá respondeu por US$ 197,6 milhões, sendo o minério de ferro responsável por 3,82 milhões de toneladas, ou US$ 182,8 milhões do total.

Por Geane Beserra