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01/12/2016 às 08:29, Atualizado em 30/11/2016 às 22:44

Mato Grosso do Sul pode ficar 5ºC mais quente em 25 anos, aponta estudo

Índice de chuvas pode diminuir em quase 20%.

Nos próximos 25 anos Mato Grosso do Sul pode sofrer mudanças climáticas que aumentarão a temperatura em mais de 5ºC e diminuição de quase 20% na incidência de chuva. Os dados são de um estudo encomendados pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e executados pelo instituto Fiocruz, que foram divulgados na tarde desta quarta-feira (30), durante o Seminário sobre a mudança do clima no Mato Grosso do Sul.

O estudo prevê aumento entre 4,8ºC e 5,8ºC para o período compreendido entre os anos de 2041 a 2070. De acordo com os resultados, a região Norte seria a mais afetada em Mato Grosso do Sul, com destaque para o município de Corguinho, que pode ter um aumento de 5,8ºC em relação à temperatura média que registra hoje. A projeção para Campo Grande é de 5,4ºC de aumento e para Corumbá, 5,2ºC.

O leste sul-mato-grossense pode apresentar elevação de 5,7ºC em cidades como Paranaiba, Aparecida do Taboado e Selvíria. A parte do estado que sofreria menos impacto seria o sul. Caracol e Paranhos poderão registrar aumento aumento de 4,90ºC e 5ºC.

Segundo Ulisses Confalonieri, pesquisador do instituto Friocruz, é necessário que a população dê a devida atenção aos dados apontados pelo estudo. “Os resultados são alarmantes e infelizmente muitos acreditam que seja bobagem. O Mato Grosso do Sul, que é um estado agropecuário, as pessoas levam muito em consideração apenas a questão de chuva e não se atentam a temperatura”, observa.

Para o pesquisador, o fato de Mato Grosso do Sul estar sob a influência do clima tropical, faz com que a população não perceba o aumento da temperatura. “O aumento de temperatura não é significativo para as pessoas, porque elas não sentem”, explica. Entretanto, Confalonieri diz que o estado está bem em relação a outros estados, que reduziram drasticamente suas reservas naturais.

“Mato Grosso do Sul está bem. O pantanal contribui muito para o controle da temperatura. Não fosse a região, os números seriam mais elevados”, conclui. Segundo ele, a única perspectiva é a divulgação dessas informações e a conscientização da população para as questões ambientais para minimizar as mudanças climáticas.

Chuvas

Além das temperaturas, o estudo aborda também o índice de precipitação no estado. De acordo com os resultados, as chuvas poderão diminuir, variando entre 2,3% e 19,3% em relação aos registrados atualmente.

A região norte seria a mais impactada, com um índice de 19,3% de redução na intensidade pluviométrica, para os próximos 25 anos. A diminuição em Aparecida do Taboado pode ficar em 17,6%. Já a região sul seria menos afetada. No caso, o estudo prevê uma diminuição de 2,3% em Coronel Sapucaia e 3,2% em Aral Moreira. A projeção para Campo Grande é intermediária, 8,3% na redução da precipitação.

Conforme o estudo, os períodos de estiagem podem aumentar em até 15,2%.

Doenças

As alterações climáticas podem influenciar na dinâmica de algumas doenças, em especial as infecciosas. O ciclo reprodutivo dos insetos transmissores de doenças também é impactado com as variações, visto que em baixas temperaturas, os vetores tornam-se inativos.

No estudos, foi levado em consideração doenças como dengue, leptospirose, leishmaniose tegumentar americana e visceral. Foi considerado também o índice de mortalidade infantil por doenças intestinais e ataques de animais peçonhentos e venenosos.

Os resultados mostram que Campo Grande seria o município mais afetado no estado, com incidência 1% maior de doenças. Corumbá e Rio Verde podem apresentar uma vulnerabilidade de 0,64% e 0,66%, respectivamente.

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