Publicado em 25/12/2020 às 15:30, Atualizado em 25/12/2020 às 11:04

Eficácia da CoronaVac ficou abaixo dos 90% em testes no Brasil, diz secretário da Saúde de São Paulo

O governo de São Paulo pretendia divulgar na quarta-feira (23) os dados sobre a eficácia da CoronaVac

Redação,

A CoronaVac, vacina desenvolvida no Brasil pelo Instituto Butantan em parceria com a empresa chinesa Sinovac Biotech, não atingiu o patamar de 90% de eficácia contra a Covid-19 nos testes realizados no Brasil, confirmou o secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn.

A declaração foi feita após a Turquia anunciar, nesta quinta (24), que a CoronaVac teve eficácia de 91,25% contra o novo coronavírus nos testes realizados no país.

O governo de São Paulo pretendia divulgar na quarta-feira (23) os dados sobre a eficácia da CoronaVac, além de encaminhar no mesmo dia o pedido de registro definitivo e de uso emergencial à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Porém, após decisão contratual da farmacêutica chinesa Sinovac em atrasar a divulgação dos números, o resultado preciso da eficácia foi adiado para daqui 15 dias. Mesmo assim, o governo estadual garantiu que o “atraso não altera a produção, nem o programa de imunização”.

Nesta quinta-feira, o governo turco oficializou que os testes da CoronaVac por lá apontaram uma eficácia de 91,25% contra o vírus da Covid. Os resultados obtidos no país são fruto de análises preliminares e foram obtidos em testes com uma amostra de voluntários menor.

Em nota, o Instituto Butantan disse que “não comenta informações relativas a contratos da Sinovac com outros países”.

“[Nos testes do Butantan] Não atingiu 90% e, mesmo não tendo atingido isso, valores menores, esses valores menores já nos dão, que é acima de 50%, nós não sabemos o quanto acima de 50%, se foi 60%, 70% ou 80%, mas eles estão em níveis que nos permitem fazer uma redução de impacto de doença na nossa população”, completou Gorinchteyn.

Além do Brasil, a CoronaVac também está em fase de testes finais em outros quatro países: Turquia, China, Indonésia e Chile.

Os pesquisadores turcos disseram, segundo a Reuters, que é “provável que a taxa aumente com base em dados de testes em estágio avançado”. Os cientistas também garantiram que nenhum sintoma importante foi detectado durante os testes da fase 3 da CoronaVac na Turquia, exceto por um voluntário que apresentou reação alérgica.

CORONAVAC NO BRASIL

Apesar do adiamento, as autoridades paulistas garantiram, no entanto, que a eficácia da vacina ficou acima dos 50% exigidos para que uma vacina seja considerada eficiente.

O pedido de uso emergencial à Anvisa será apresentado depois que a Sinovac consolidar os dados para que se tenha um índice de eficácia único da vacina.

Inicialmente, a previsão das autoridades de saúde de São Paulo era de anunciar a primeira leitura da eficácia da vacina na primeira semana de dezembro. A data foi adiada para 15 dezembro e, posteriormente, transferida para esta quarta.

Apesar do atraso, as autoridades paulistas mantiveram a previsão de iniciar a vacinação com a CoronaVac em 25 de janeiro, conforme anunciado no início do mês.

Mais de 3 milhões de doses da CoronaVac já estão no Brasil e, até o final do ano, o Butantan afirma que terá no país 10,8 milhões de doses do imunizante.

A previsão do Butantan é de ter em janeiro 46 milhões de doses da vacina --aplicada em duas doses com intervalo de duas semanas entre elas. Para o mês de maio, a estimativa é de ter no Brasil 100 milhões de doses.

O Ministério da Saúde afirmou na semana passada que incluirá toda a produção da CoronaVac no Brasil --o Butantan está envasando o potencial imunizante em suas instalações-- no Programa Nacional de Imunizações (PNI), desde que ela seja registrada pela Anvisa.