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16/05/2018 às 11:30, Atualizado em 16/05/2018 às 14:06

Detentas produzem perucas para pessoas com câncer em Dourados

Para elas, trabalho é oportunidade para ocupar a mente e ajudar o próximo.

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Foto - Reprodução TV Morena

Através de um trabalho delicado e que exige muita atenção, detentas do Estabelecimento Penal Feminino de Regime Semiaberto de Dourados, confeccionam perucas para pessoas que fazem tratamento contra câncer. Além de contribuir com a redução da pena das internas, atividade também renova a autoestima dos pacientes.

O projeto 'Rapunzel: Cabelos aos Ventos' é uma iniciativa dos servidores do presídio em parceria com o Hospital do Câncer da cidade. Ação tem como objetivo a produção de perucas e próteses para pacientes de câncer. Além disso, consiste na doação de cabelos e é produzida pelas detentas do semiaberto.

Atualmente, mais de 60 perucas são confeccionadas. Para interna Andrea Cardoso, a atividade ocupa a cabeça de quem está na prisão. Além disso, é um trabalho gratificante por ajudar as pessoas. " Eu fiz para a alegria de alguém, que está passando um momento muito difícil. Eu fico muito feliz quando eu entrego a peruca. Acho que fico mais feliz que o próprio paciente", brinca Andrea.

De variadas formas, cores e tamanhos, as perucas também ajudam na redução da pena de quem participa da ação. A cada três dias trabalhados, as mulheres ganham um dia na remissão da penalidade.

"A peruca te deixa mais livre"

Segundo Luzia Aparecida Ferreira, diretora do presídio, a iniciativa é de grande importância tanto para as detentas quanto para a sociedade. " Além da remissão pelo fato de confeccionarem as perucas, elas se sensibilizam com essas pacientes, com essas pessoas que passam por essa doença tão triste, né? E nos incentiva a fazer a ressocialização. Então nos incentiva a conduzí-las a esse aprendizado e estender a mão ao próximo ", comenta Ferreira.

O promotor Juliano Albuquerque também fala do que pensa sobre o projeto. Para ele " a importância tem duas frentes. Primeiro para possibilitar e oferecer mais um tipo de trabalho aqui na unidade para as internas, uma atividade, uma qualificação. E o segundo ponto, que ao meu ver é tão mais importante, é valorizar aquelas pessoas, aquelas mulheres que estão em um período muito frágil da vida que é o tratamento ao câncer", afirma.

Débora Gomes é uma técnica de laboratório que foi beneficiada pelo projeto. Ela descobriu a doença após receber exames de uma consulta de rotina. Aos 40 anos, a mulher foi noticiada com câncer de mama e acabou perdendo todo o cabelo no início do tratamento. Uma das opções era usar o lenço, mas ela diz que nunca se sentiu confortável com o pano. Para ela, tudo mudou quando sentiu as mexas novamente na cabeça, tendo a liberdade de cortar a mudar da maneira que mais preferisse.

"O lenço, apesar de bonito e elegante, ele atrai olhares penosos, olhares que a gente não gosta, se sente constrangido. Ele remete muito ao tratamento oncológico e a peruca te deixa mais livre, te deixa mais comum, como mais um na multidão", explica Débora, emocionada.

Fonte - TV Morena

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