Publicado em 16/09/2017 às 18:34, Atualizado em 16/09/2017 às 16:19

Detentas da capital embalam 1,2 mil peças por dia em nova frente de trabalho no presídio

Iniciada há pouco mais de um mês, a oficina utiliza a mão de obra de três internas e são embaladas mais de 1,2 mil peças por dia.

Redação,
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Foto:Tatyane Santinoni

O Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi” (EPFIIZ), na Capital, conta com mais uma oficina de trabalho que proporciona atividade produtiva e remunerada às internas. A nova parceria firmada pela Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), por meio da Divisão de Trabalho, engloba o encartelamento e embalagem de produtos elétricos, hidráulicos e ferragens em geral.

Iniciada há pouco mais de um mês, a oficina utiliza a mão de obra de três internas e são embaladas mais de 1,2 mil peças por dia. A empresa parceira atua na distribuição dos produtos embalados para todo o Estado e instalou no presídio duas máquinas: uma de encartelar e outra de corte de embalagens. Todo o manuseio dos equipamentos é coordenado por um funcionário da empresa e a segurança é realizada por agentes penitenciárias.

Para o supervisor e responsável pelo monitoramento dos trabalhos no presídio, Jucenildo Alves Barreto, que está há 17 anos na empresa, essa parceria é boa para ambos os lados. “Tanto para as internas que têm a possibilidade de ocupação lícita remunerada e possibilidade de remir a pena, quanto para o empresário, do ponto de vista econômico, que tem redução nos custos trabalhistas”, declara.

Com sete horas de trabalhos diários, as atividades das internas consistem em separar as peças, encartelar, plastificar no sistema a vácuo e realizar o corte das embalagens. Todos os dias a empresa retira os produtos já prontos para a comercialização. Além da remição da pena de um dia a cada três trabalhados, as internas recebem remuneração mensal de 3/4 do salário mínimo.

Presa há cinco anos, Jaqueline Alves Espíndola, 35 anos, encontrou no trabalho uma oportunidade de se reinserir na sociedade de forma digna. “Realizando algo produtivo, eu me sinto muito mais útil; além disso, mudei muito em relação ao meu comportamento, minha forma de encarar as circunstâncias da vida, passei a dar mais valor nas pequenas coisas e as pessoas também passam a ter um novo olhar com a gente”, afirma a reeducanda.

Segundo a diretora do EPFIIZ, Mari Jane Boletti, possibilitar ocupação remunerada às mulheres privadas de liberdade é uma ferramenta eficaz de reintegração. “O trabalho, aliado à qualificação profissional, é uma alternativa saudável para o retorno ao convívio social, além de ser um incentivo ao bem-estar e à autoestima das internas”, ressalta.

“Trabalhar significa regeneração, é uma forma de se transformar como ser humano, isso me edifica. É muito importante, porque me sinto mais calma e penso antes de tomar qualquer decisão”, desabafa Hosana dos Santos, 29 anos , que presa há um ano.

Conforme o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, oferecer trabalho e cursos profissionalizantes aos custodiados tem sido a meta da instituição. “Trabalhamos de forma integrada com diversos setores da sociedade e órgãos públicos para proporcionar o maior número possível de parcerias, as ações são constantes para ampliar a qualidade nos serviços prestados e alcançar o objetivo que é contribuir no processo de ressocialização de detentos e, consequentemente, reduzir os índices de reincidência criminal”, conclui o dirigente.

Fonte: Agepen