Publicado em 26/07/2016 às 17:00, Atualizado em 27/07/2016 às 12:52

Comitê internacional diz que sarampo está eliminado no Brasil

Mato Grosso do Sul foi o último estado a registrar caso autóctone

Redação, Redação

Criança sendo vacinada em São Paulo

Depois de enfrentar um surto de sarampo no Ceará em 2015, o Brasil completou neste mês um ano sem novos casos da doença, informou a Opas/OMS (Organização Pan-Americana de Saúde) hoje. Com isso, a circulação do sarampo foi considerada interrompida no país.

A vacinação, no entanto, continua sendo necessária e recomendada como principal estratégia para evitar uma reintrodução da doença no Brasil.

A análise sobre a eliminação do sarampo foi feita durante visita da presidente do Comitê Internacional de Avaliação e Documentação da Eliminação do Sarampo, Merceline Dahl-Regis.

Segundo o Ministério da Saúde, a expectativa é que o país receba até o fim deste ano um certificado internacional da OMS (Organização Mundial de Saúde) que reconhece o fim da transmissão do sarampo em todo o continente americano.

O certificado, porém, já era esperado desde o ano passado. Mas um surto da doença no Ceará, iniciado a partir de um caso importado (adquirido em outro país), atrasou os planos e colocou o governo em alerta.

Ao todo, houve 1.052 casos confirmados de sarampo em 38 municípios do Estado entre dezembro de 2013 e julho de 2015, segundo a secretaria estadual de Saúde. A situação exigiu uma força-tarefa emergencial em conjunto com entidades de saúde para intensificar a vacinação nas áreas de maior transmissão.

MATO GROSSO DO SUL

Desde julho de 2015, o país não registra novos casos. Segundo o ministério, o país vinha tendo forte redução dos casos de sarampo desde os anos 2000, quando iniciou um plano para eliminação da doença e teve os dois últimos surtos autóctones (com transmissão local), no Acre e Mato Grosso do Sul.

Em 2013, no entanto, casos importados levaram a novos surtos locais da doença no Pernambuco e no Ceará.

O Ministério da Saúde diz considerar que foram surtos "isolados" e diz que, na época, já havia sido constatada a interrupção da transmissão no restante do país.

Para o pediatra e infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações), o anúncio da eliminação do sarampo é uma notícia a ser comemorada, porque mostra a eficácia das políticas de vacinação em grande parte do país nos últimos anos. Ele ressalta, no entanto, que a população não pode descuidar da proteção.

"Essa declaração por si só não isenta ninguém de se vacinar", reforça. "Nesse mundo globalizado, com tantas viagens, a reintrodução da uma doença é fácil. Se deixa parte da população desprotegida e se vem um indivíduo de fora [com a doença], encontra aqui um pool de suscetíveis capaz de fazer com que o vírus volte a circular. Isso só aumenta a responsabilidade de manter o Brasil como zona livre do sarampo. Isso não nos deve deixar relaxados. Temos que manter altos índices de cobertura vacinal", completa.

VACINAÇÃO

Apesar do reconhecimento do fim da transmissão da doença no Brasil, surtos de sarampo ainda ocorrem em outros países do mundo, segundo o Ministério da Saúde.

Com isso, o país terá agora o desafio de manter as estratégias de prevenção e controle da doença para sustentar o fim da transmissão. Hoje, a vacina contra o sarampo faz parte do calendário de imunização no SUS e é ofertada em duas doses, uma aos 12 meses e outra aos 15 meses.

Quem não recebeu a vacina nesse período deve ir a uma unidade de saúde para receber a proteção. "Adultos que não receberam também podem e devem ser vacinados", diz Kfouri.

A Opas/OMS também recomenda que turistas e atletas que venham para eventos como a Olimpíada se vacinem contra o sarampo e rubéola pelo menos duas semanas antes de viajar. A medida, além da proteção ao turista, visa evitar novos casos importados de sarampo no Brasil.

O sarampo é uma doença viral aguda grave e altamente contagiosa. Os sintomas mais comuns são febre alta, tosse, manchas avermelhadas, coriza e conjuntivite.

A transmissão ocorre de pessoa a pessoa, por meio de secreções expelidas pelo doente ao tossir, falar ou respirar.