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03/07/2020 às 10:00, Atualizado em 03/07/2020 às 11:32

Cestas básicas entregues a familiares alimentam esperança e motivam produção de EPIs por detentos em MS

O diretor do presídio de Segurança Máxima, Mauro Augusto Ferrari de Araújo, ressaltou a importância do trabalho dos detentos para a sociedade.

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Foto - reprodução Agepen

Pioneira em todo o país na confecção de máscaras e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) dentro de presídios, para proteger quem está na linha de frente no combate à pandemia, a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul (Agepen/MS) também busca um olhar humanizado para aqueles que, mesmo na prisão, estão no dia a dia nas máquinas de costura, fazendo com que os resultados aconteçam.

Familiares de reeducandos que trabalham na confecção desses materiais em unidades prisionais de Campo Grande estão recebendo cestas básicas como forma de agradecimento pelo empenho na produção. Os mantimentos foram doados pela Associação dos Magistrados do Mato Grosso do Sul (Amamsul) e Associação Sul-Mato-Grossense do Ministério Público (ASMMP), com o apoio da Justiça do Trabalho, Ministério Público do Trabalho e Instituto Ação pela Paz.

A primeira entrega simbólica das cestas básicas foi realizada, nessa quarta-feira (1.7), no Estabelecimento Penal “Jair Ferreira de Carvalho” (Máxima). Também estão sendo beneficiados familiares de internos do Presídio de Trânsito, Centro de Triagem “Anísio Lima” e Estabelecimento Penal Feminino de Regime Semiaberto e Aberto. Ao todo, serão 11 famílias atendidas e outros cinco reeducandos que não possuem parentes na cidade estão sendo contemplados com kits de higiene. O critério para recebimento foi estar trabalhando nas oficinas de confecção e serem classificados em situação de vulnerabilidade social e financeira. Cada família também está recebendo 30 máscaras de proteção.

Claudeciane Ledesma Gomes é uma das beneficiadas. Grávida, ela sustenta mais quatro filhos com um salário mínimo que recebe de seu trabalho e revela que o sacolão chegou em uma hora muito oportuna. “Minha despensa já estava quase vazia e eu só ia conseguir fazer compra no meu pagamento, então vai me ajudar muito esses alimentos, ainda mais nessa época que as crianças ficam em casa e o consumo tem aumentado mais”, agradeceu, orgulhosa por seu marido estar empenhado nesse trabalho social.

Seu esposo, Valter Junior, que cumpre pena na Máxima, também comemorou o reconhecimento ao trabalho na oficina de costura. Segundo o interno é muito bom ajudar quem está na linha de frente no combate ao coronavírus, podendo fazer a diferença na assistência que pode ser dada até mesmo a um familiar dele. “Fico feliz em saber que meu trabalho tem esse resultado tão positivo”, declarou.

O diretor do presídio de Segurança Máxima, Mauro Augusto Ferrari de Araújo, ressaltou a importância do trabalho dos detentos para a sociedade. “Hoje, nossa produção aqui na unidade penal está em 500 máscaras por dia; começamos com 100, produzindo peças sem muito acabamento e fomos aprimorando a cada dia, para oferecer o melhor para a população e agora nossos EPIs são referência”, informou o diretor.

Presente na entrega o presidente da ASMMP, promotor de justiça Romão Ávila Milhan Junior, reforçou a importância das parcerias das instituições públicas para a realização do projeto. “A união de esforços foi apenas uma ponte para a concretização da iniciativa, o trabalho dos servidores da Agepen e dos próprios internos são essenciais para a elaboração de todo esse material; e nada mais justo que contribuirmos com um auxílio aos familiares desses reeducandos, que estão fazendo tudo com muito carinho e auxiliando na prevenção e combate à proliferação do coronavírus”, afirmou.

Atualmente, as oficinas de produção são realidade em 22 presídios do estado, dos quais cinco somente na capital. Até o momento, já foram confeccionadas mais de 200 mil peças com mão de obra carcerária, contribuindo com diversas instituições públicas, privadas e sociais, além de atender a própria demanda do sistema prisional, forças da segurança e de saúde pública, levando maior proteção contra à Covid-19 a quem está mais exposto aos riscos.

Conforme o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, o desenvolvimento de ações como essa coloca MS como um estado de referência nacional. “Assim que iniciou essa pandemia, sentimos a necessidade de contribuir com a população de alguma forma, foi então, que buscamos firmar parcerias para oferecer todo esse suporte. Agradeço ao empenho dos servidores penitenciários também, que costumo dizer que são diferenciados, porque realmente vestem a camisa e dedicam a qualificação profissional que possuem ao sistema prisional, para que ações como essas aconteçam e sejam destaque”, ressaltou o dirigente.

Na oportunidade, também foi realizada a entrega de mais um lote de EPIs ao Hospital Regional. Participaram também da entrega simbólica, a promotora de justiça, Paula da Silva Volpe; o diretor administrativo do Hospital Regional, Marcelo César de Arruda Ferreira; a enfermeira Ana Paula Canglurci e a chefe da Divisão de Trabalho Prisional, Elaine Cecci.

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