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17/03/2017 às 13:03, Atualizado em 17/03/2017 às 12:36

Brasil ficará de fora do Conselho de Segurança ao menos até 2033

A ausência simboliza uma mudança radical na política externa brasileira.

O Brasil vai ficar ao menos até 2033 fora do Conselho de Segurança das Nações Unidas, porque não apresentou candidatura nos últimos anos. Mais alta instância da ONU, o CS tem como objetivo cuidar da segurança e da paz internacionais.

A ausência simboliza uma mudança radical na política externa brasileira. No governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), a diplomacia tinha ambições de mediar a paz entre israelenses e palestinos e chegou a apresentar uma proposta de acordo, em conjunto com a Turquia, para resolver a questão nuclear no Irã.

Já sob Dilma Rousseff (2011-2016), não houve nem sequer interesse de fazer parte do Conselho. "O Brasil foi do 80 para o 8", diz um funcionário do governo.

O Conselho tem 5 vagas permanentes, ocupadas por China, Reino Unido, Estados Unidos, França e Rússia. Outras dez vagas são rotativas e alocadas por região -5 para África e Ásia, 1 para Europa Oriental, 2 para América Latina e Caribe e 2 para Europa Ocidental e outros.

Cada região chega a um consenso e apresenta um candidato para um mandato de dois anos. As candidaturas são apresentadas com muitos anos de antecedência.

A última vez que o Brasil ocupou uma das vagas rotativas foi no biênio 2010-2011. Desde alguns anos antes disso, o país não apresentou mais candidatura e, como resultado, não terá "vaga" pelo menos até 2033, segundo a reportagem apurou.

O assunto foi discutido no sábado (11), na primeira reunião entre o recém-empossado chanceler Aloysio Nunes e o alto escalão do Itamaraty.

"É um sintoma do encolhimento do país no cenário internacional", afirma outro funcionário. "Por um misto de descaso e barbeiragem, o Brasil perde capacidade de influenciar o órgão de maior força na ONU."

Com isso, o país ficará ausente do Conselho por 22 anos -período mais longo do que os 20 anos de ausência no órgão entre 1968 e 1988, boa parte deles sob ditadura militar.

"Mas na ditadura o país não se candidatou porque não queria que o tema da tortura viesse à tona", diz Matias Spektor, colunista da Folha de S.Paulo e professor de Relações Internacionais da FGV.

"É péssimo o Brasil ficar de fora por tanto tempo; temos tradição em participar, e a cadeira rotativa nos permite expressar nossa concepção de ordem internacional."

Entre outras atribuições, o CS impõe sanções a países, como já fez com o Irã diversas vezes, por causa do programa nuclear iraniano; determina o envio de forças de paz, como ocorreu no Congo e Haiti, e pode abrir caminho para invasões militares, como na Líbia em 2011.

Fonte - Folhapress

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