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21/07/2020 às 15:01, Atualizado em 21/07/2020 às 13:15

ARTIGO: A difícil arte do elogio

Por - Wilson Aquino

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Divulgação

Como você se identifica em relação ao seu próximo quando o assunto é elogio? É capaz de reconhecer e manifestar uma postura ou ação virtuosa? De dizer diretamente ou de público sua opinião positiva a respeito de alguém? Um colega de trabalho, por exemplo? Faz isso com sinceridade e com a real intenção de enaltecer as virtudes a quem de direito? Ou é daqueles que mesmo testemunhando uma virtude alheia procura argumentos negativos como o deboche, a ironia, para “justificar” a ação? Ou fica inerte?

E quando você é o alvo do elogio? Como reage? Sente-se orgulhoso? Soberbo? Ou prefere a humildade? Existem aqueles que têm dificuldade de aceitar palavras elogiosas porque sofreram muito, principalmente na infância e na adolescência, que hoje, na maturidade, ainda têm dificuldade em aceitar opinião em contrário àquilo que sempre ouviu de negativo na vida.

Nessas primeiras etapas da jornada (infância, adolescência, juventude) é comum entre as amizades ouvir de “amigos” e até de parentes, frases como: “Você é muito feia”, “... muito magra”, “muito gorda”... O indivíduo cresce ouvindo conceitos dessa natureza, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Mas não é.

Reconhecer as virtudes de alguém é fácil, difícil é dizer isso à pessoa. Elogiá-la por esse ou aquele gesto e/ou postura diante de alguma situação. Isso exige um coração nobre! Maturidade e um senso de vida elevado.

É mais fácil ao indivíduo usar até de chacota para justificar um ato de grandeza de seu próximo do que ter a humildade de reconhecer a beleza da sua ação.

Muitas pessoas, especialmente entre as mulheres, não gostam de espelhos, porque não são satisfeitas com o que veem. Quando muito, dirigem um olhar para um ponto ou outro do corpo ou do rosto apenas para conferir pequenos detalhes. Isto porque muitas passaram a vida ouvindo que são feias e cheias de defeitos. Foram tantas críticas e ironias, que ela acabou acreditando nelas.

Mudar esse quadro não é fácil. Exige muito esforço pessoal. Muito exercício para que a autoestima se sobreponha aos conceitos negativos impregnados no coração e mente das vítimas.

Como interiorizar ao contrário disso. Ou seja, que você é sim especial e bonita? Tarefa que parece difícil, porém bem possível. E uma das formas para se estabelecer isso é por intermédio da leitura das Escrituras Sagradas, onde se aprende que todos, absolutamente todos, são filhos especiais de Deus e que Ele ama a cada um imensamente. Todos são mesmo muitos especiais e belos aos olhos Dele.

Todo indivíduo recebe dons e capacidades diversas, diferentes uns dos outros. Isso faz parte do Plano de Deus para o crescimento pessoal, profissional e espiritual de cada um.

A pessoa que se conscientiza de que é bela e especial aos olhos de Deus, dificilmente se abala com qualquer outra opinião em contrário, ainda mais vinda do próprio homem.

O indivíduo (masc. fem.) precisa abandonar a ignorância que o coloca sempre na defensiva. Que o impede de ser gentil e amável com seu próximo. De estabelecer um relacionamento amigável, eficiente e produtivo, que permitem a ambos crescerem como pessoas, como cidadãos, como profissionais e filhos especiais do Senhor.

Enaltecer a qualidade ou ação de seu próximo não o torna inferior. Ao contrário, mostra sua grandeza!

Uma palavra elogiosa e sincera a alguém pode fazer uma grande diferença na vida dessa pessoa, que terá parâmetro e estímulos necessários para trilhar sempre o bom e virtuoso caminho.

Muito embora esta seja uma grande verdade, especialmente se as palavras vêm de pessoas poderosas como um pai ou uma mãe, o indivíduo não pode depender disso para seguir sua jornada. Precisa entender que todos carregam seus fardos e precisam envidar todos os esforços para seguir em frente, mesmo que tudo, absolutamente tudo, pareça conspirar para que não siga. Para que desista.

Muito embora pareça também um paradoxo sobre o que dissemos até aqui, existem situações em que o indivíduo não deve ouvir palavras elogiosas sobre seus feitos, para não prejudicar o próprio indivíduo na execução da sua boa ação. Exemplo disso foi dado pelo próprio Jesus Cristo no Livro de Matheus (11: 2-11): João Batista estava preso e ao ouvir falar dos feitos de Cristo, enviou dois dos seus discípulos para saber se Ele era o enviado de Deus, “... ou esperamos outro? ” Depois de responder aos dois homens, que partiram, Cristo se dirigiu ao povo e falou: “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista”.

Observe que suas palavras elogiosas não foram transmitidas aos discípulos de João Batista.

Da mesma forma cabe a cada um no dia a dia desta longa jornada da vida, ponderar sempre como proceder diante do próximo para que possam seguir fortalecidos e, no final, vitoriosos.

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