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16/11/2019 às 11:00, Atualizado em 15/11/2019 às 22:57

ARTIGO: A Desmistificação da Miscigenação

Por - Rosildo Barcellos

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Divulgação

Na conquista de espaço, inclusive no se fazer respeitar, a violência se opõe à diplomacia e com isso, o indivíduo que consegue controlar seus impulsos são cidadãos denominados pacificadores. Entretanto para se chegar a comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra, houve muita luta. Aliás para se chegar a lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabeleceu que, a partir daquele ano, o dia 20 de novembro passasse a ser uma data, para celebrar o sobredito dia, foi uma” luta para se lembrar da luta”.Uma vez que foi(considerado) neste dia, no ano de 1695, que Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, depois de buscar a defesa da cultura e da liberdade, morreu em combate, liderando seu povo e sua comunidade.

Esta data, além de servir como um momento de conscientização sobre a importância da cultura e do povo africano na formação da cultura nacional serve para a reflexão sobre a colaboração dos africanos, durante nossa história, nos aspectos políticos, sociais, gastronômicos e religiosos de nosso país. É certo que o grande debate atual é sobre as alternativas de um desenvolvimento sustentável e a superação dos conflitos étnicos e as desigualdades alinhavadas pela resistência de valores dos povos e fundamentadas no clamor pela equidade.

Justifica-se ser um momento perfeito de buscar a pauta pela discussão de políticas educacionais voltadas à qualificação e preparação dos indivíduos para a vida em sociedade, não somente de indígenas, caboclos, pardos, negros, mulatos, mamelucos e cafuzos, mas discutir o papel da sociedade perante a formação do adolescente, neste ambiente com vistas ao nosso próprio futuro. Muitos filósofos, desde Aristóteles já nos atiçavam para uma consciência de como conduzir nossas crianças para que futuramente estas se tornem homens de bem, mas o que estamos fazendo é ao avesso: enquanto família: posto que, estigmatizados descobrem nas drogas, bebidas e, posteriormente, na violência uma suposta solução para seus conflitos e rancores.

Por muito tempo, acreditou-se, por força do mito da democracia racial, que a desigualdade social no Brasil era uma questão essencialmente ligada à pobreza e às péssimas condições de vida de uma grande parcela da população sem condições de acesso às benesses da modernidade, entretanto Ayrton Araújo, José do Patrocínio, Levi Dias Rodrigues, João Cândido, e tantos outras “verdadeiros brasileiros”, mostraram que, a cor não é fator obnubilador para a convivência igualitária. Realmente, a união, a paz, a gratidão, e respeito mútuo são os valores intrínsecos que devem prevalecer, independente da classe social e da origem racial, ainda mais no nosso país, onde a miscigenação é a marca do nosso povo. Por isto não podemos deixar este dia se tornar apenas um feriado; e sim, uma das grandes questões nacionais a serem debatidas acerca de como encontrar a unidade, através da diversidade, que compõe a atual conjuntura do país.

Fonte: Rosildo Barcellos

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