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20/12/2018 às 16:30, Atualizado em 20/12/2018 às 16:04

Afastamentos do trabalho por depressão e ansiedade aumentam 24,41% em MS

Em todo o país aumento entre 2017 e 2018 foi de 15,23%. Psicóloga avalia que instabilidade e competição no mundo do trabalho contribuem para aumento da depressão.

A depressão e a ansiedade geraram, em 2018, 3037 pedidos de afastamento do trabalho junto ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) em Mato Grosso do Sul. O número é 24,41% maior do que em 2017, quando 2441 pessoas pediram para serem afastadas do trabalho pelos transtornos. Em todo o Brasil, o aumento foi de 15,23%, em 2018 foram 104.109 pedidos comparados a 90.344 em 2017.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) alerta que, até 2020, a depressão deve ser a maior causa de afastamento do trabalho em todo mundo. Psicóloga, pesquisadora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), a doutora em psicologia social Branca Maria Meneses pesquisa a relação entre o trabalho e a depressão.

Ela relata um universo no qual o trabalho está cada vez mais instável. O ambiente e a organização, explica, contribuem para o aumento de casos da doença. A crise e o medo de perder o emprego estão relacionados, segundo indicam as pesquisas, com o sofrimento psíquico.

“Uma das questões extremamente difíceis para o trabalhador, porque qualquer empregado hoje, principalmente nas empresas privadas, eles vivem com medo. O medo de perder o emprego. Nós vivemos uma situação de instabilidade política e econômica muito grande, e com uma ideologia pautada na centralidade do trabalho, no sentido de dizer: ‘olha, se você não trabalha a questão e a responsabilidade é sua’. Então as pessoas acabam vivendo com esse medo”, relata.

Competição e individualismo - Branca também cita o modo como o ambiente de trabalho está organizado, pautado da competição, produção e individualismo. “O tempo inteiro você precisa ter resultados, junto a isso vem uma competitividade exacerbada, o relacionamento entre as pessoas, ao mesmo tempo aflorando o individualismo, situações extremamente individualistas, é cada um por si, para você se manter no sistema, e isso faz parte da dinâmica das relações de trabalho em geral”, comenta.

“O tempo inteiro nós somos avaliados e a nossa sociedade ela está organizada em cima de equivalência: nós somos medidos o tempo inteiro, então, em qualquer área de trabalho isso leva a muitos desgastes psíquicos, a gente vê isso, por exemplo, em pesquisas feitas na área de instituições hospitalares, nas áreas de supermercado, de lojas de venda de carro e de um modo geral o trabalho”, complementa.

Fonte - Campograndenews

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