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04/10/2016 às 09:02, Atualizado em 04/10/2016 às 01:23

A busca por animais capazes de melhorar muito os rebanhos

Realizada na sexta-feira, segunda fase da prova de avaliação de desempenho nelore

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Foto: Reprodução Correio do Estado

As demandas por alimento no mundo exigem, a cada dia, produtividades altas. E o Brasil é o único país do mundo em condições de ainda aumentar suas produções para atender às demandas alimentares sempre crescentes. Isso vale para os produtos agrícolas e, também, para os produtos pecuários, como a carne bovina.

Para atingir esses altos índices de exigência em produtividade, não há outro caminho a não ser melhorar, no caso da pecuária, a produtividade animal e do rebanho como um todo. Só assim será possível abastecer o mercado interno e atender às crescentes demandas do mercado externo.

Esse tipo de exigência fez com que pesquisadores da Embrapa Gado de Corte, parceira da empresa Geneplus, decidissem promover Provas de Avaliação de Desempenho Nelore. O objetivo principal dessas provas é obter as medidas de consumo e de ganho de cada um dos animais participantes, para o cálculo do consumo alimentar residual (CAR), que é uma medida de eficiência, e os dados de carcaça, além de inúmeras outras informações técnicas, que demonstrarão os índices de qualidade de cada uma das características avaliadas, conforme explicou o pesquisador da Embrapa Gado de Corte Luiz Otavio Campos da Silva, que coordena a prova.

A 2ª PROVA DE 2016

Na sexta-feira (30), no auditório da Embrapa Gado de Corte, ocorreu uma reunião envolvendo a maioria dos 12 pecuaristas participantes da prova. Na oportunidade, os pesquisadores responsáveis pela prova apresentaram aos criadores os resultados.

Eduardo Folley Coelho foi um dos pecuaristas que inscreveu 20 animais para participar da 2ª Prova de Avaliação de Desempenho Nelore. E, falando ao Correio Rural, ele disse que inscreveu 20 animais também na primeira prova, concluída em julho, e inscreverá mais 20 na terceira, que deverá começar em novembro. Questionado por que considera interessante participar, ele afirmou que “não estamos aqui para vencer, mas, sim, para identificar, por meio dessa avaliação, quais dos nossos animais têm maior eficiência alimentar, ou seja, se converte melhor em alimento. Com isso, poderemos, com garantia, imprimir os genes deles no restante do nosso rebanho. Nosso objetivo, sempre, é o de melhoramento do nosso plantel”, afirmou Eduardo.

O presidente da Associação dos Criadores de Novilho Precoce de MS, pecuarista Nedson Pereira, é outro criador de Mato Grosso do Sul que inscreveu animais na prova da Embrapa/Geneplus. Pecuarista que tem primado pelo uso de tecnologias de ponta em suas atividades rurais, Nedson também procura os caminhos mais precisos para obter o melhoramento de seus plantéis.

CARACTERÍSTICAS

Duas características principais são avaliadas na prova, conforme explica o pesquisador Luiz Otávio. O foco central é medir a eficiência alimentar e as características de carcaça dos animais também. “São duas características, que para serem medidas, não custam barato, pois envolvem ultrassom, entre outras técnicas, e para um número significativo de animais”, destacou o pesquisador.

Os animais vieram do Tocantins, de Mato Grosso, do Paraná e de Mato Grosso do Sul. Ficaram 25 dias em adaptação, e depois começou a prova. Eles permaneceram 56 dias recebendo todos a mesma ração alimentar e sendo pesados de cinco a seis vezes por dia, inclusive depois que se alimentavam e bebiam água. Tudo foi sendo catalogado. Esta é forma para medir, depois, o grau de eficiência alimentar de cada um dos animais. Uns podem ter uma melhor absorção do alimento, outros menos. “Todos receberam o mesmo arraçoamento, e a gente mediu quanto é o ganho do animal diante do consumo do ele estava ingeria. Eles foram pesados várias vezes durante o dia e então chegamos ao consumo diário de cada um e o peso. Com isso, saiu o cálculo dos resultados”, esclarece.

A alimentação que é servida aos animais é composta por 50% silagem, matéria seca, e os outros 50% por grãos. E, conforme informaram os pesquisadores, a meta era que se atingisse um quilo e 200 gramas por dia, muito embora, na média, ganharam 1 quilo e 600 gramas.

Outro pesquisador que trabalha no projeto é o Roberto Torres. Ele avaliou os resultados dessa segunda prova como muito bons, citando a qualidade genética. Praticamente todos os animais foram selecionados e deram respostas até surpreendentes, o que permite dizer, segundo ele, que a maioria dos animais inscritos na prova tem totais condições de promover, por meio de sua genética e eficiência alimentar demonstrada, o melhoramento de seus plantéis de origem.

MESA-REDONDA

Depois da apresentação dos resultados aos pecuaristas participantes e demais presentes ao evento, foi realizado um almoço na sede da Embrapa, uma vez que, à tarde, os trabalhos prosseguiram.

Logo após o almoço, o grupo se reuniu novamente e ocorreu uma mesa-redonda para debate sobre o programa “Geneplus”, da Embrapa. Foram feitos questionamentos dos criadores e ouvida a opinião dos técnicos e demais participantes. Outros temas que estavam na pauta para discussão:

a) Índice de qualificação genética (IQG) – transição do atual para o econômico;

b) ATJPlus – critérios, distribuição e uso;

c) Genotipagem – hoje e amanhã;

d) Leilão da PADN;

Um dos temas que geraram bastante debate foi o fato de criadores dos Estados Unidos estarem usando anabolizantes em seus sistemas de produção de carne, enquanto no Brasil a prática é proibida. Mas salientou-se que os norte-americanos seguem à risca as determinações legais para produzirem usando anabolizantes, enquanto no Brasil, para muitos, isso não seria cumprido.

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