Publicado em 23/09/2015 às 10:45, Atualizado em 27/07/2016 às 11:24

Reunião da Fifa expõe isolamento do futebol brasileiro

Nova Notícias - Todo mundo lê

Redação, Folha press

A cidade suíça de Zurique simboliza nesta semana quão isolado está o futebol brasileiro dos bastidores das principais decisões do futebol internacional. Enquanto José Maria Marin continua preso à espera de definição sobre a extradição aos EUA, seu sucessor na CBF, Marco Polo Del Nero, vai se ausentar pela terceira vez de reunião do comitê executivo da Fifa, correndo cada vez mais risco de ser trocado no cargo pelos cartolas da Conmebol, entidade sul-americana que representa no colegiado. Ao mesmo tempo, o brasileiro Zico desembarcou em Zurique e já virou alvo de ironia do presidente da Uefa, Michel Platini, por não fazer decolar a ideia de ser candidato à presidência da Fifa na eleição de fevereiro. Zico não consegue atender à exigência de pelo menos cinco cartas de apoio das 209 federações filiadas para poder disputar. Na Suíça, ele entregou uma carta ao presidente Joseph Blatter em que reclama das regras. "Uma eleição baseada no atual modelo só é satisfatória para quem já está comprometido com ele", disse o brasileiro. "Regras são regras. Ele (Zico) não tem as cinco cartas (das federações)? Sinto muito", afirmou Platini, sorrindo, em tom de ironia, gesticulando os braços, ao responder a uma pergunta da Folha de S.Paulo, em Zurique. O ex-jogador francês é o favorito para vencer a eleição. Já Del Nero faltará ao encontro da Fifa sem antes não passar por um constrangimento: a agenda da reunião, a ser realizada entre quinta (24) e sexta (25), prevê uma apresentação dele sobre os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio. A programação oficial cita o nome de Del Nero como responsável pelo quinto item da pauta. O dirigente evita deixar o Brasil desde que estourou o escândalo que levou à prisão de sete dirigentes no dia 27 de maio, entre eles Marin, que espera para essa semana a decisão sobre sua extradição. Del Nero preside o comitê da Fifa que organiza o futebol dos Jogos Olímpicos. Ele já se ausentou do encontro realizado na segunda (21) sobre o tema em Zurique. O cartola é suspeito de envolvimento na investigação conduzida pelas autoridades americanas. Teme ser preso no exterior, assim como seu antecessor. A ausência dele nas decisões enfraquece a influência não só do futebol brasileiro, mas também da Conmebol. Cartolas sul-americanos querem substitui-lo no posto da Fifa, gesto que conta com a simpatia do presidente, Joseph Blatter, insatisfeito com as ausências repetidas de Del Nero nas reuniões. Questionada pela reportagem, a assessoria da Fifa negou-se a responder se havia sido avisada de que o cartola faltaria novamente. A reunião prevê um informe sobre as investigações nos EUA e na Suíça relacionadas a corrupção. Del Nero vai ficar de fora, por exemplo, da discussão sobre as propostas do comitê de reforma criado em meio ao escândalo. Entre os tópicos mais importantes estão o limite de mandatos para cartolas e a divulgação de seus salários, um assunto tabu para a cartolagem. A Fifa incluiu ainda um tópico para discutir a data e o local da próxima reunião do seu comitê executivo, em dezembro. Tradicionalmente, o encontro no fim do ano é realizado no país sede do Mundial de Clubes - foi assim no Marrocos, no ano passado. Ou seja, a previsão era que, desta vez, fosse realizado no Japão, que recebe o torneio. Blatter, no entanto, tem evitado deixar a Suíça, temendo ser alvo de algum pedido de prisão por autoridades americanas. A inclusão do tema na reunião desta semana, portanto, indica a possibilidade de que a próxima reunião não ocorra no Japão.