Publicado em 29/06/2015 às 18:41, Atualizado em 27/07/2016 às 11:24

Levy é bom cumpridor de ordens econômicas, não médicas, diz médico

Nova Notícias - Todo mundo lê

Redação, G 1

O médico que atendeu o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, durante sua internação na noite de sexta-feira (26), afirmou ao G1 nesta segunda-feira (29) que não autorizou sua viagem aos Estados Unidos, para acompanhar a visita oficial que a presidente Dilma Rousseff faz ao país.  Levy embarcou na noite de sábado em um voo comercial, por volta das 22h.

“Com diagnóstico de embolia pulmonar, ele não poderia ter viajado. O ministro Levy é um bom cumpridor de ordens econômicas, administrativas, mas médicas não”, afirmou o pneumologista Arhur Vianna.

Ao chegar a Nova York, no domingo (28), Levy havia afirmado a jornalistas que não descumpriu ordem médica para viajar. "Não. Não descumpro ordem de ninguém. Sou muito obediente", declarou.

De acordo com o médico, a viagem aumenta o risco de desencadear um novo episódio de embolia pulmonar. Segundo ele, esse risco foi assumido pelo ministro. Vianna disse ainda que não acompanharia Levy na viagem “em hipótese alguma”, por ser contrário à decisão do ministro.

Como a embolia pulmonar ocorre quando um coágulo entope uma veia e obstruí a chegada do sangue ao pulmão, viagens longas, em que o paciente se movimenta pouco, podem prejudicar a circulação e agravar o quadro, de acordo com o médico. Ainda conforme o pneumologista, por estar medicado, os riscos à saúde de Levy no retorno ao Brasil são “muito pequenos”.

Procurado pelo G1, o ministério da Fazenda afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto.

Diagnóstico Levy recebeu o diagnóstico de embolia pulmonar na noite de sexta-feira (26) e chegou a ser internado, em Brasília, no Hospital do Coração do Brasil, sendo liberado à 1h24 de sábado (27). Ele viajaria no sábado pela manhã com a comitiva da presidente, mas acabou adiando a partida para a noite, em um voo comercial. Ao chegar a Nova York, no domingo, disse a jornalistas estar bem e seguiu compromissos oficiais.

Na quarta-feira (24) o ministro já havia dado entrada no mesmo hospital com suspeita de infarto. Ele passou por exames  de tomografia e de sangue e foi liberado, já que a suspeita não se confirmou. No dia seguinte, durante o procedimento de revisão dos exames, foi constatada a embolia pulmonar.

Na sexta (26) ele voltou ao Hospital do Coração, desta vez acompanhado pelo médico Arthur Vianna, que se deslocou do Rio de Janeiro especialmente para atender o ministro.

Meta central de inflação Na chegada ao hotel, em Nova York, o ministro também foi questionado sobre a redução no teto da meta central de inflação para 2017. “Acho que é bom, é mais uma etapa, né, de a gente estar fortalecendo o sistema de metas de inflação. Eu acho que ele aumenta a previsibilidade da economia brasileira e com isso ajuda o trabalho que a gente tá fazendo”, declarou.

A meta central de inflação foi fixada na quinta-feira (25) pelo Conselho Monetário Nacional em 4,5% para o ano de 2017. Trata-se da mesma meta central adotada pelo governo federal desde 2005.

O intervalo de tolerância em relação à meta central, porém, caiu de dois pontos percentuais (para cima e para baixo em relação ao objetivo central) para 1,5 ponto percentual. Na prática, isso significa que o piso será de 3% e que o teto será mais baixo: de 6% em 2017 sem que a meta seja formalmente descumprida.

Se o intervalo de tolerância anterior de dois pontos percentuais fosse mantido – o que não aconteceu – o teto, em 2017, seria de 6,5% (patamar que vigorou entre 2006 e 2016).

Agenda oficial A viagem da presidente Dilma Rousseff aos EUA conta com 11 ministros e inclui um encontro com o presidente Barack Obama. O objetivo é retomar as relações diplomáticas, atrair investimentos para concessões na área de infraestrutura (aeroportos, portos, rodovias e ferrovias) e impulsionar a economia.

A comitiva presidencial é formada pelos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Jaques Wagner (Defesa), Joaquim Levy(Fazenda), Renato Janine Ribeiro (Educação), Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Nelson Barbosa (Planejamento), Ricardo Berzoini (Comunicações), Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia), Kátia Abreu (Agricultura) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente), além do assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.