Publicado em 18/07/2015 às 19:00, Atualizado em 27/07/2016 às 11:24

Dono da maior patente militar do Pan não presta continência no pódio

Nova Notícias - Todo mundo lê

Redação, UOL

Júlio Almeida é dono da maior patente militar entre os atletas brasileiros nos Jogos Pan-Americanos de Toronto. Piloto da Aeronáutica, ele é tenente militar. Na sexta-feira, ele subiu ao pódio para receber a primeira medalha de ouro de sua vida no evento. Ele foi o campeão da prova de pistola 50 metros. E não prestou continência à bandeira. "É uma coisa pessoal. Eu prefiro colocar a mão sobre o coração. Faço isso em todas as minhas vitórias, desde 1994".

Para Júlio, um dos melhores atiradores do Brasil atualmente, não existe uma obrigatoriedade do gesto em competições esportivas. "A continência é obrigatória quando estamos fardados. Já foi feita uma discussão sobre se os uniformes são fardas. Mas é um uniforme civil. Não estou fardado".

Os atletas que se tornaram militares pensam de forma diferente do militar de carreira. Mayra Aguiar, atual campeã mundial e medalhista de prata no judô do Pan, afirmou que "o quimono é nossa farda. Estamos prestando mostrando respeito ao nosso país".

Essa diferença de ponto de vista, porém, é só isso mesmo. E sobre um assunto que não tira o sono de ninguém. Outro medalhista de ouro no tiro esportivo, na carabina deitada 50m, o major do Exército Cássio Rippel ganhou a sua medalha no mesmo dia de julho. Subiu ao pódio minutos depois. E prestou continência. "Acho lindo".

Os próprios militares, que poderiam ver os atletas como intrusos em seu ambiente, são os primeiros a elogiar a chegada dos novatos. Bruno Heck, quinto colocado na prova de carabina deitada de 50m, passou por cinco anos na escola de formação do Exército. Saiu de lá como oficial. Só virou atleta quando começou a se destacar nos treinamentos. Hoje, vive do esporte. "Faço parte da Comissão de Desportos do Exército, baseada na Urca". Ele, porém, não precisa viver no Rio de Janeiro: gaúcho, manteve o Rio Grande do Sul como sua base, incluindo locais de treino.

"Os atletas chegaram às Forças Armadas por um projeto nacional, que tem como objetivo uma boa representação do país nas Olimpíadas. E o Exército sempre apoia o país em qualquer missão. E se o objetivo é esse, temos de dar todo o suporte para que atletas consigam treinar mais e chegar com condições ideais em 2016", completa Heck.