Publicado em 04/12/2015 às 07:43, Atualizado em 27/07/2016 às 11:24

Del Nero pede licença da presidência da CBF

Nova Notícias - Todo mundo lê

Redação, BAND

A Confederação Brasileira de Futebol anunciou que o presidente Marco Polo del Nero entrou com um pedido de licença do cargo. O motivo é o envolvimento em acusações relatadas pela Justiça norte-americana e pelo Comitê de Ética da FIFA.

Nesta quinta-feira, a Justiça dos Estados Unidos anunciou o indiciamento de 16 dirigentes latino-americanos em investigações de corrupção no futebol mundial. Além de Del Nero, outro brasileiro na lista é Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF.

O indiciamento de dirigentes inclui envolvimento em esquemas para pagar e receber mais de 200 milhões de dólares (quase R$ 800 milhões) em propinas, de acordo com documentos judiciais. A investigação atinge crimes cometidos desde 1991.

No período de licença de Del Nero, a CBF confirmou que Marcus Antônio Vicente assume o cargo interinamente. Um dos vice-presidentes da entidade, Marcus Antônio também é Deputado Federal pelo PP do Espírito Santo e ex-presidente da Federação Capixaba de Futebol.

Entenda o casoInvestigações conduzidas pelo FBI, nos EUA, culminaram na prisão de sete dirigentes de peso no futebol. Reunidos para evento da Fifa em Zurique, os cartolas foram detidos pela polícia suíça no hotel Baur au Lac. Entre eles, está o ex-presidente da CBF entre 2012 e 2015 e atual vice da entidade, José Maria Marin, extraditado em 3 de novembro para os EUA.

No total, a investigação chegou a 14 nomes. Além dos sete dirigentes que já foram presos, sete foram indiciados. O brasileiro José Lázaro Marguiles, que seria um intermediário nas operações ilegais, é um deles. Outras quatro pessoas, incluindo o empresário José Hawilla, do grupo Traffic, são réus confessos no esquema. Dessas 18 pessoas, 11, entre elas Marin, foram banidas pela Fifa de quaisquer atividades ligadas ao futebol.

Em outra etapa da operação conjunta entre as justiças suíça e norte-americana, em dezembro, o presidente da Conmebol, o paraguaio Juan Ángel Napout, e o da Concacaf, Alfredo Hawit, foram presos em Zurique.

As acusações contra todos os dirigentes são incluem extorsão, fraude, conspiração e lavagem de dinheiro para acordos em torneios como as Eliminatórias, Copa América, Libertadores e Copa do Brasil. O esquema dura, pelo menos, 20 anos e movimentou mais de US$ 150 milhões (R$ 476 milhões) até agora. O valor pode ser muito maior.

Com a prisão dos cartolas e as notícias sobre o andamento das investigações, a pressão sobre a Fifa só aumentou. Diante deste cenário, Joseph Blatter, presidente que havia sido reeleito ao seu quinto mandato no dia 29 de maio, renunciou ao cargo.

O escândalo respingou até mesmo no ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que deixou o comando da confederação em 2012. No Brasil, a Polícia Federal pediu o indiciamento do cartola por quatro crimes (lavagem de dinheiro, evasão de divisas, falsidade ideológica e falsificação de documentos público). Entre 2009 e 2012, Teixeira teria movimentado R$ 464,5 milhões de suas contas bancárias, o que chamou a atenção das autoridades.

O atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, é um dos prováveis co-conspiradores citados no inquérito do FBI. Desde maio, quando Marin foi preso, Del Nero não deixa o Brasil para representar a entidade. Embora negue, o principal motivo é o medo de ser detido.

Como funcionava o esquemaEmpresas de marketing esportivo subornavam dirigentes para ganhar apoio e colocar sua marca nos eventos da Fifa, Conmebol, CBF e outras entidades. Foi assim que Marin recebeu cerca de R$ 2 milhões por ano da empresa Traffic, por direitos de transmissão da Copa do Brasil, como propina, de acordo com as investigações. Marin também está envolvido em acusações de suborno de edições da Copa América até 2023.

Nem o contrato da CBF com a Nike escapou do FBI. A acusação é de pagamento de suborno em relação ao contrato da principal patrocinadora da Seleção Brasileira, que vem desde 1996. “O futebol é um belo jogo. Mas foi sequestrado. A vítima é o futebol. Essas pessoas conseguiram muito dinheiro graças ao amor que esse esporte desperta”, disse o diretor do FBI, James Comey. “Estamos dando um cartão vermelho para a Fifa”, completou Richard Webber, da Receita Federal americana.