Publicado em 05/09/2015 às 16:03, Atualizado em 27/07/2016 às 11:24

Del Nero critica discursos inflamados, garante árbitros preparados e lembra: São humanos

Nova Notícias - Todo mundo lê

Redação, ESPN Brasil

Após as polêmicas de arbitragem da última rodada, o presidente da CBF, Marco Polo del Nero, publicou artigo no site da entidade sobre assunto. Além de ressaltar os avanços na área nos últimos anos, o dirigente, entre outros pontos, criticou "discursos inflamados" de cartolas dos clubes nacionais.

Os jogadores também foram lembrados pelo mandatário na carta, sendo citados como "ídolos" que devem ajudar dentro de campo com ações éticas.

"Deve ser lembrado que os jogadores, que são os verdadeiros ídolos, têm a elevada missão de ajudar a trazer o respeito de volta ao futebol por meio de ações éticas nos campos. Enquanto não entendermos isto, continuaremos a assistir a discursos inflamados. Muitas vezes feitos por dirigentes apaixonados que ultrapassam os limites e geram um clima de animosidade, amparado em inaceitáveis teorias da conspiração sobre favorecimentos a quem quer que seja", escreveu o dirigente.

Del Nero ainda garantiu que as punições aos juízes vão continuar acontecendo, "da mesma forma que os clubes afastam seus atletas em busca de uma recuperação técnica", mas que os árbitros são apenas humanos.

"Todas as medidas têm sido tomadas para minimizar erros. Mas como acertar 100% das 160 decisões que um árbitro toma durante cada partida? Temos a consciência que o erro pontual acompanhará sempre o árbitro de futebol porque ele é humano, não uma divindade. Assim como o centroavante erra o pênalti apesar de sua preparação, como o treinador se equivoca na substituição."

Na última quarta-feira a,pós a derrota do Atlético-MG para o Atlético-PR por 1 a 0 no Horto, Alexandre Kalil, ex-presidente do clube mineiro, usou o Twitter para reclamar da atuação do árbitro Marcelo de Lima Henrique.

"Sergio Correia, infelizmente você tem camisa. Marcelo de Lima Henrique, você é um vagabundo e ladrão", escreveu Kalil.

No jogo em questão, o juiz expulsou Marcos Rocha e deixou o Atlético-MG com um a menos. Os mineiros ainda reclamam de um pênalti não marcado e da penalidade anotada para os rivais.

No mesmo dia, o bandeirinha Fábio Pereira viu impedimento e anulou um gol legítimo do Fluminense diante do Corinthians, quando os paulistas ainda venciam apenas por 1 a 0. O resultado final de 2 a 0 colocou os corintianos com sete pontos de vantagem na liderança do Brasileirão.

Veja abaixo o artigo de Del Nero na íntegra:

São três equipes que participam de um jogo de futebol, as duas que se enfrentam e a arbitragem. Cada uma com seus objetivos, buscando o melhor, tentando acertar em todas as suas decisões. Mas mesmo sendo universal e lógica a consciência de que o homem é falível, razão por que seria razoável compreender e, até, aceitar os erros dos árbitros de futebol, quiçá com a mesma benevolência com que são entendidas e tidas como naturais as falhas dos jogadores, treinadores e dirigentes, a realidade é que assim as coisas não se passam. É a invencível força da cultura universal do futebol de que a culpa sempre é do árbitro.

É natural que, ao contrário do que muitos possam pensar, essa regra cultural impõe aos árbitros e à CBF um grande desafio. O de reconhecer os erros e buscar o aperfeiçoamento, tanto por obrigação institucional, como por desejo de triunfo, de acerto, de credibilidade ética e reconhecimento técnico.

Assim tem sido em relação à Comissão de Arbitragem, onde verificamos consideráveis avanços. A elevação do tempo de bola em jogo, a redução do número de faltas, a punição aos jogadores e técnicos que não se reportem com respeito ao árbitro, tudo isso colabora para nossa colocação entre os países em que menos se interrompe o jogo. É visível, inclusive retratado pela própria mídia, a melhoria no aspecto físico dos árbitros.