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20/08/2016 às 09:00, Atualizado em 20/08/2016 às 10:22

Rio-2016 atrasa verba, e dez países ameaçam não participar da Paraolimpíada

A pouco mais de duas semanas da cerimônia de abertura, dez países ameaçam não participar dos Jogos Paraolímpicos deste ano. O posicionamento é decorrente de um atraso do Comitê Organizador Rio-2016, que ainda não repassou aos países um auxílio de viagem que deveria ter sido distribuído até 29 de julho.

“Alguns países podem não vir. Identificamos dez países que terão dificuldade mesmo se a ajuda de viagem for paga. Essa é nossa prioridade agora. Esse dinheiro nós temos de pagar”, disse Philip Craven, presidente do CPI (Comitê Paraolímpico Internacional), em entrevista coletiva.

“São países com acesso limitado a recursos, e nós acreditamos que eles terão dificuldade mesmo se esse dinheiro for pago. Com essa questão de prazo, eles acabaram perdendo questões como reservas de voo que haviam sido feitas. Estamos conversando com governos locais e com os comitês para tentar minimizar isso o quanto antes”, disse o brasileiro Andrew Parsons, presidente do CPB (Comitê Paraolímpico do Brasil) e vice-presidente do CPI.

A ajuda de viagem é obrigação assumida pelo país-sede quando se candidata a receber Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Trata-se de um dinheiro destinado principalmente a custear viagens de países mais pobres, que não teriam como bancar suas operações sem esse tipo de apoio. Os nomes dos integrantes do grupo que ameaça não se deslocar até o Rio ainda são mantidos em sigilo.

“Ainda existe um déficit significativo no orçamento do comitê organizador, mas estamos trabalhando para ajustar as coisas e garantir os Jogos. Vamos anunciar um pouco mais na semana que vem, quando as Olimpíadas estiverem encerradas”, afirmou Xavier Gonzalez, CEO do CPI. “É uma situação fluida, e nós continuamos trabalhando para identificar as melhores soluções”, completou.

O comitê organizador dos Jogos Paraolímpicos ainda não explicou oficialmente o porquê de o auxílio viagem não ter sido pago na data programada, mas o atraso tem a ver com a crise financeira que tem assolado a reta final da preparação do Brasil para receber o evento. Com venda abaixo do esperado em ingressos e cotas de patrocínio, os responsáveis pelo evento já negociam cortes.

A esgrima em cadeira de rodas, por exemplo, vai mudar de local por causa desse ajuste de gastos. Os eventos da modalidade seriam realizados originalmente na Arena do Futuro, em Deodoro, mas foram transferidos para a Arena Carioca 3, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca.

Com a mudança, o comitê organizador manterá a Arena do Futuro fechada e poderá fazer ajustes para diminuir a área de operação em Deodoro. Com um equipamento a menos e estruturas menores em espaços comuns, os responsáveis pelos Jogos também vão precisar de um contingente menor de pessoal por lá.

Também haverá cortes no sistema de transportes, na quantidade de funcionários e em estruturas complementares. No Parque Olímpico da Barra da Tijuca, por exemplo, áreas direcionadas a imprensa e setores administrativos serão condensadas – atualmente, cada arena tem uma estrutura própria de escritórios e mídia.

“Não gastamos dinheiro nas Olimpíadas que deveria ser das Paraolimpíadas. Trabalhamos como um comitê só, mas não existe essa coisa de uma tirar dinheiro de outra. Respeitamos os Jogos Paraolímpicos e tudo que eles representam como um dos mais relevantes eventos esportivos do planeta”, disse Mário Andrada, diretor de comunicação da Rio-2016.

A crise financeira fez com que os organizadores dos Jogos Paraolímpicos pedissem auxílio de entes públicos. O governo federal se comprometeu a liberar R$ 100 milhões para o evento, e a prefeitura do Rio de Janeiro destinará outros R$ 150 milhões. O TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro) travou o repasse municipal por não estar previsto anteriormente e não ser factível em um ano eleitoral, mas autoridades locais ainda tentam uma liberação.

Além disso, a crise financeira da Rio-2016 proporcionará uma redução nas arenas. Os organizadores do evento chegaram a anunciar que haveria um contingente de 3,1 milhões de ingressos, mas agora trabalham com um máximo de 2,4 milhões. A meta é vender 2 milhões, mas apenas 300 mil foram comercializados até aqui.

Fonte - UOL

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