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08/07/2019 às 15:15, Atualizado em 08/07/2019 às 17:04

Tarifas bancárias subiram até 12 vezes mais do que inflação nos últimos dois anos

Idec analisou 70 pacotes de serviços ofertados pelas instituições. Alta foi de 14% entre abril de 2017 e março de 2019.

Um estudo do Instituto de Defesa do Consumidor ( Idec ) constatou que as instituições bancárias tradicionais continuam aumentando os valores cobrados por serviços prestados até 12 vezes acima da inflação, com reajustes abusivos de pacotes e tarifas avulsas. A pesquisa comparou os preços dos cinco maiores bancos do país — Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú e Santander — entre abril de 2017 a março de 2019.

Ao analisar 70 pacotes de serviços ofertados pelos bancos, o levantamento mostrou que o reajuste médio praticado foi de 14%, quase o dobro da inflação no período (7,45%). O banco Bradesco teve variação de até 50% em um de seus pacotes, maior reajuste foi aplicado.

Em relação às tarifas avulsas, entre os 20 principais serviços mais utilizados pelos consumidores, também foram encontrados aumentos acima do esperado: todos os bancos tiveram mais da metade de seus serviços reajustados acima do índice. Foram encontrados 50 serviços com reajustes entre 10% e 89%, este último 12 vezes mais do que a inflação do período. A única exceção foi o Itaú, que reajustou sete tarifas, ou seja, 35% do total acima da inflação.

De acordo com o coordenador do MBA em Finanças do IBMEC/RJ, Filipe Pires, os maiores bancos detinham, até 2017, 75% das transações de clientes bancarizados. Atualmente, esse número é inferior a 65%, porque está acontecendo uma migração, embora ainda lenta, para bancos menores, como digitais e fintechs.

"Com a perda de clientes, ao invés de baixar taxas, os bancos aumentam para compensar essa redução de contas. O grande problema é que o brasileiro é acomodado. Prefere pagar mais para manter status de uma conta Prime, por exemplo, e benefícios que nem usa a mudar para instituições que não têm nem gerente para bater papo", afirmou.

Ainda segundo ele, com a recessão econômica, os critérios para classificar clientes especiais — Prime, Exclusive, Personalité — foram reduzidos e pessoas com uma renda não tão alta puderam ter acesso ao atendimento diferenciado para que o banco pudesse manter a cobrança da tarifa mais cara. Até mesmo clientes que tinham rendimentos elevados, mas que perderam seus empregos, por exemplo, foram mantidas na categoria. Nesse casos, é preciso renegociar.

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Pires explica que embora o Banco Central (BC) determine que todo banco ofereça uma cesta gratuita de produtos básicos, o serviço não é apresentado no momento da abertura de conta. O gerente oferece, desde o primeiro momento, um pacote com adicionais e preço mais alto, e muitos clientes não têm conhecimento do direito.

"É preciso fazer a conta. Se eu pago R$ 75 pela manutenção de uma conta que me oferece oito TEDs mas, na verdade, só preciso de quatro. Estou pagando caro à toa! Cada operação dessa custa R$ 8, o que resultaria em R$ 32. É um gasto desnecessário", calculou o coordenador.

O Idec recomenda a busca pelo histórico de reclamações de cada banco, a comparação entre os serviços tarifados e atenção aos anúncios destacados como “sem taxas”, “não praticamos cobrança de tarifas exageradas” ou “você não paga pela abertura e manutenção de sua conta”.

Fonte - G 1

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