O mercado de veículos novos em Mato Grosso do Sul encerrou o primeiro semestre em retração. Em junho, foram emplacadas 5.075 unidades no Estado, número 10,68% menor do que o registrado em maio (5.682). No acumulado de janeiro a junho, as vendas somam 31.338 unidades, queda de 6,87% em relação ao mesmo período do ano passado (33.651), segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
A desaceleração atingiu todos os segmentos acompanhados pela entidade no Estado. As motocicletas seguem como principal motor do setor, com 2.125 unidades em junho. No entanto, também apresentaram retração, de 9,27% frente ao mês anterior. No semestre, foram 13.668 motos emplacadas, o equivalente a 43,61% do total de vendas em MS.
Em seguida, os automóveis somaram 1.640 unidades em junho, com queda de 4,32% em relação a maio. Os comerciais leves registraram 774 emplacamentos, retração de 3,61%. Juntos, esses dois segmentos representam 44,79% do total comercializado no Estado em 2025.
Entre os pesados, o segmento de caminhões teve queda expressiva de 25,19% em junho, com 101 unidades. Os implementos rodoviários recuaram ainda mais: 69,68%, somando apenas 91 unidades. A única alta veio dos ônibus, com crescimento de 27,27% no mês — de 55 unidades em maio para 70 em junho.
Revisão das projeções nacionais
No cenário nacional, embora o semestre ainda tenha fechado com crescimento, a desaceleração no ritmo de vendas levou a Fenabrave a rever para baixo as projeções para o ano. Entre janeiro e junho, foram emplacados 2.340.661 veículos no país, alta de 6,99% frente ao mesmo período de 2024. Mas, na comparação mensal, junho registrou retração de 6,36% em relação a maio (410.602 contra 438.503), mesmo com impacto de um dia útil a menos no mês.
A média diária de vendas cresceu 9,93% em relação ao primeiro semestre de 2024, o que demonstra algum fôlego no mercado. No entanto, a entidade reduziu a expectativa de crescimento total para 2025: de 7%, em janeiro, para 6,2% na atualização de julho. A primeira revisão, feita em abril, já havia rebaixado a projeção para 6,9%.
O segmento de automóveis e comerciais leves manteve a previsão de alta de 5% para o ano. No semestre, foram 1.131.269 unidades vendidas, aumento de 5,05% em relação ao mesmo período do ano passado. Junho apresentou queda de 5,69% ante maio e estabilidade frente a junho de 2024 (-0,14%).
As motocicletas seguem com projeção de crescimento de 10% em 2025. No acumulado semestral, somaram 1.029.298 unidades em todo o país, avanço de 10,33%. Apesar disso, o setor sofreu recuo de 7,24% em junho, reflexo de menor demanda e do encarecimento do crédito.
Caminhões e implementos enfrentam retração
Os maiores ajustes ocorreram nos segmentos mais ligados à atividade logística e ao transporte de carga. Os implementos rodoviários, que começaram o ano com projeção de crescimento de 5%, passaram para expectativa de retração de 20%. O setor acumula queda de 19,82% no semestre, segundo a Fenabrave.
No caso dos caminhões, a projeção inicial de alta de 4,5% foi revertida para queda de 7% em 2025. No primeiro semestre, foram emplacadas 53.420 unidades no país, retração de 3,62%. Junho registrou queda de 13,32% em relação ao mesmo mês do ano anterior. A entidade atribui o desempenho à menor demanda de transporte e à preferência do setor por veículos mais versáteis, como os comerciais leves.
Já o setor de ônibus manteve expectativa positiva, com projeção de crescimento de 6%. No semestre, o segmento avançou 24,52%, impulsionado por programas federais como o Caminho da Escola. Em junho, no entanto, houve recuo de 2,32% frente a maio, embora o resultado tenha sido 9,62% superior ao de junho de 2024.
Veículos eletrificados em ritmo desigual
O mercado de eletrificados também apresentou desempenho misto. Os veículos híbridos registraram aumento expressivo de 73,63% no semestre, com 83.490 unidades emplacadas. Já os modelos 100% elétricos recuaram 1,98% no acumulado, totalizando 30.563 unidades. Em junho, os elétricos apresentaram queda de 15,12% frente a maio e de 14% em relação a junho de 2024.
A Fenabrave avalia que o segundo semestre historicamente concentra maior volume de vendas, impulsionado por campanhas promocionais, maior liberação de crédito e aquecimento do consumo. Ainda assim, a entidade mantém sinal de alerta: taxas de juros elevadas, instabilidade econômica e a maior seletividade na concessão de financiamento são fatores que podem limitar o desempenho do setor nos próximos meses.
Djeneffer Cordoba
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