A sensação de que hoje tudo custa muito mais caro é recorrente entre os consumidores. E não é para menos. Só a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de janeiro de 2003 a janeiro de 2013, acumulou 78,1%. Os preços pagos pelos brasileiros em qualquer produto subiram. Entretanto, o poder de compra também aumentou. Somente no período de 2003 a 2010, apresentou crescimento de 19%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Isso significa que, na média, um produto que custava R$ 100, em janeiro de 2003, estava custando R$ 178,10, em janeiro de 2013. Comparando a partir de janeiro de 2011, período do governo Dilma, a inflação medida pelo IPCA acumulou 13,69%. Ou seja, um produto que, na média, custava R$ 100 no começo de 2011, estava custando R$ 113,69 no início deste ano.
O valor da cesta básica, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), praticamente dobrou no mesmo intervalo de tempo. Em 2003, os gêneros alimentícios essenciais custavam R$ 166,54 (equivalente a 83,27% do salário mínimo da época) em São Paulo. Neste ano, a cesta básica, que segue em alta, está custando R$ 326,59 (equivalente a 48,16% do mínimo).
Não só a cesta básica está mais cara no Brasil. O País ocupa a quinta posição no índice Big Mac, que compara o preço do sanduíche em diversos países para mostrar a valorização de cada moeda. Segundo a autora da pesquisa, a revista britânica The Economist, o Brasil fica atrás apenas de Venezuela, Noruega, Suécia e Suíça. Aqui, o sanduíche custa US$ 5,64; nos Estados Unidos, US$ 4,37. Na Índia, o lugar mais barato, US$ 1,67. Além de calcular o preço do sanduíche, a pesquisa também faz uma ponderação pelo Produto Interno Bruto (PIB) per capita. Nesse ranking, o Brasil se mostra 92,3% mais caro do que os Estados Unidos.
Mínimo mais alto
Apesar do aumento dos preços, o salário também cresceu. O valor do salário mínimo nacional, em 2003, era de R$ 200. Atualmente, é de R$ 678. Segundo o economista e coordenador de curso do IBMEC-MG, Reginaldo Nogueira, algumas categorias tiveram aumentos maiores do que outras, de tal maneira que o impacto da inflação sobre o poder de compra não é uniforme. Dados do IBGE para o rendimento real médio do trabalho indicam que o salário real, ou seja, o ganho salarial descontada a inflação para a média dos trabalhadores, aumentou 22,5% nos últimos 10 anos. Quando olhamos o período de janeiro de 2011 até o início deste ano, o ganho real foi de cerca de 5%, avalia.
De acordo com Nogueira, o desafio é saber se os salários conseguem acompanhar a subida dos preços. O problema que temos é que, quanto maior a inflação, menor a chance de os aumentos salariais conseguirem compensar essa subida de preços, provocando queda do rendimento real, explica. Para ele, o País está em um ciclo um tanto longo de preços subindo acima das metas oficiais do governo, de 4,5%, e isso deve durar pelo menos até 2015. A menos que haja mudança na condução da política econômica. O problema disso é que, com a inflação subindo relativamente rápido, em geral os salários não conseguem acompanhar, aponta.
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.