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20/10/2022 às 14:39, Atualizado em 20/10/2022 às 13:40

Poupança volta a ter rendimento positivo

Em 12 meses, aplicação superou a inflação e trouxe ganho real aos poupadores, mas outros investimentos ainda compensam mais

De 17 de outubro de 2021 até a mesma data deste ano, a poupança rendeu 7,299370%. A taxa, pela primeira vez desde agosto de 2020, passou a valer mais do que a inflação nos últimos 12 meses, verificada em 7,17% no Brasil, segundo a última medição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Nesse período, a poupança se posicionou como um rendimento competitivo ante outros produtos disponíveis. Papéis como o IPCA+ com um vencimento mais curto apresentaram um rendimento mais interessante, de 8,45%.

Os títulos mais longos, como o IPCA+ com vencimento em 2045, apresentaram retração de 6,14% nos últimos 12 meses.

Os títulos prefixados, mais próximos à dinâmica da poupança, como o Tesouro Prefixado com vencimento em 2023, superaram a poupança, com um rendimento em 12 meses de 8,27%; já no caso do título com vencimento em 2023, o tesouro perde com um rendimento anual de 6%.

No caso do Tesouro Selic, produto que acompanha a variação da taxa básica, em 12 meses, seria de 11,65%, bem acima da rentabilidade da poupança. Se trazidos a taxas reais, com desconto da inflação do período, o reajuste ao poder de compra do investidor seria de apenas 2%.

Segundo o site Status Invest, o Crédito de Depósito Interbancário (CDI) marca rendimento de 10,92% em 12 meses. Dependendo de produtos contratados como Letras de Crédito Agrícola (LCAs) ou Imobiliário (LCIs), é possível ter retorno de até 14% com as taxas atuais, o que traria ganhos reais muito mais interessantes do que os demais produtos.

O doutor em Economia e professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) Mateus Abrita diz que, apesar de positiva, quem pensa no longo prazo deve se afastar da poupança como investimento.

“Se o investidor estiver buscando maior rendimento, você tem muitas outras alternativas, como Tesouro Direto, CDBs, LCAs, LCIs, LCs e diversos outros títulos de renda fixa. Sempre destacando a importância de esses títulos terem proteção do Fundo Garantidor de Crédito para não haver nenhum risco”, afirma.

POSITIVO

O cenário só é vantajoso para os poupadores por causa da retração da inflação. Em setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou negativo em 0,29% em âmbito nacional e em -0,22% em Campo Grande.

Segundo especialistas, a combinação de inflação alta com juros baixos corroeu o rendimento da poupança. De março de 2021 a agosto deste ano, o Banco Central (BC) elevou a Selic (juros básicos da economia) de 2% para 13,75% ao ano.

Abrita diz que a poupança deve ser um instrumento utilizado em casos específicos. “Agora, ela está com um rendimento superior à inflação no acumulado, mas é muito pouco ainda”, explica.

Eliseu Nantes, assessor de investimentos da Safra Invest, explica que dois fatores principais influenciam na reversão do rendimento negativo da poupança.

O primeiro fator é a deflação no Brasil, que já perdura por três meses seguidos.

“O segundo ponto, e isso é importante também, é que a partir de 8,5% de Selic ao ano automaticamente é disparado um dispositivo que cria um novo cálculo da poupança e remunera a poupança de maneira diferente”, explica.

Dessa forma, a poupança rende 6,17% ao ano mais a Taxa Referencial (TR), que é usada como base para alguns investimentos. Abaixo da marca dos 8,5%, a poupança rende 70% da Selic praticada.

Para o especialista, esse período é bem específico e deve durar alguns meses ainda, principalmente porque a Selic não deve começar a diminuir tão rapidamente.

“Isso porque a gente tem esses dois dispositivos ainda funcionando, a inflação deve continuar diminuindo e a Selic deve se manter. Então, visto esse cenário, a poupança vai continuar superando a inflação nos próximos meses. O que não é ruim. Isso é bom principalmente para aquelas pessoas que não têm acesso ao conhecimento de produtos financeiros”, finaliza Nantes.

Alguns produtos como as LCs imobiliárias e de agronegócio, assim como as debêntures incentivadas e a própria poupança, têm isenção total na incidência de Imposto de Renda. Isso porque esses investimentos são forma de subsídio a setores fundamentais para o desenvolvimento.

A poupança é a principal financiadora do programa Casa Verde Amarela; as LCIs disponibilizam fundos para a construção civil; as LCAs subsidiam o financiamento ao agronegócio; e as debêntures incentivadas aportam fundos a projetos de infraestrutura de empresas privadas considerados chave para a economia nacional.

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