A Petrobras fechou o ano de 2015 com prejuízo de R$ 34,836 bilhões, pior que o prejuízo de R$ 21,6 bilhões anunciado em 2014. Divulgado nesta segunda-feira (21), o balanço é o segundo anual sob a sombra da operação Lava Jato.
Considerando apenas o quarto trimestre do ano passado, a estatal teve prejuízo de R$ 36,938 bilhões. O resultado veio bem pior do que previam analistas consultados pela agência de notícias Reuters, que esperavam lucro de R$ 3,859 bilhões.
Segundo a estatal, as perdas foram causadas pela reavaliação dos bens e investimentos, principalmente por causa da queda nos preços do petróleo no mercado global e dos efeitos causados pela perda do selo de bom pagador, pelas agências de classificação de risco. Também pesou a alta do dólar.
Os investimentos em 2015 foram de R$ 76,3 bilhões, 12% inferior a 2014. Por outro lado, o endividamento também foi reduzido: caiu 5%, para US$ 100,4 bilhões.
Lava Jato
O escândalo de corrupção investigado pela polícia federal na operação Lava Jato marcou o início de uma das piores fases já vistas nos mais de 60 anos da Petrobras.
Em dois anos, executivos de alto escalão foram presos, a empresa enfrenta processos na Justiça, inclusive nos Estados Unidos, as ações (PETR3, PETR4) despencaram na Bolsa e a dívida da companhia, que já era grande, aumentou ainda mais.
Dívida gigantesca
Vários fatores contribuem para a dívida gigantesca da Petrobras.
A petroleira gastou muito dinheiro no pré-sal e em outros projetos. Também comprou gasolina cara lá fora e vendeu mais barata aqui no Brasil, porque o governo queria segurar a inflação.
Além disso, como a estatal tem muitas dívidas no exterior, a alta do dólar aumentou esse rombo.
Corte de investimentos
Diante da crise e da dívida, a Petrobras cortou gastos.
O plano de investimentos para um período de cinco anos, que um dia já foi de US$ 236,7 bilhões em 2013, encolheu para US$ 98,4 bilhões em janeiro de 2016.
A empresa decidiu colocar à venda parte dos seus negócios, como gasodutos e poços de exploração. O plano é vender o equivalente a US$ 15,1 bilhões entre 2015 e 2016, mas tem andado em marcha lenta.
Também houve corte de áreas e cargos de chefia, além de demissões, voluntárias ou não.
Queda do petróleo
Em paralelo ao escândalo de corrupção e ao desenrolar da Lava Jato, a Petrobras teve que lidar com outro fantasma: a queda dos preços do petróleo no mercado global. Nos últimos dois anos, o preço da matéria-prima caiu de um patamar acima de US$ 100 para algo entre US$ 30 e US$ 40.
Como é seu principal produto, a Petrobras também sofreu. Até o pré-sal ficou em xeque: se o petróleo estiver barato demais, não compensa financeiramente investir tanto dinheiro para sua exploração.
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