O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, manteve a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano, interrompendo uma sequência de sete altas consecutivas. A decisão foi unânime.
O BC começou a subir os juros em outubro do ano passado:
- set/2014: 11%
- out/2014: 11,25%
- dez/2014: 11,75%
- jan/2015: 12,25%
- mar/2015: 12,75%
- abr/2015: 13,25%
- jun/2015: 13,75%
- jul/2015: 14,25%
- set/2015: 14,25%
Manter-se vigilante
O Copom reforçou a necessidade de manter os juros nesse patamar por um "período suficientemente prolongado" para levar a inflação à meta no fim de 2016 e afirmou que a decisão aconteceu "avaliando o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual balanço de riscos", segundo o comunicado da autoridade monetária.
O BC já havia sinalizado o fim do ciclo de alta nos juros, mas tem alertado sobre a necessário de manter-se vigilante em caso de desvios significativos das expectativas de inflação.
O discurso de atenção foi reforçado recentemente pelo diretor de Política Econômica do Banco Central, Luiz Awazu Pereira da Silva, ao afirmar no fim de agosto que a política monetária terá viés conservador por período prolongado e que é preciso "muita calma", "sangue frio", "paciência" e "perseverança" neste processo.
Economia em situação difícil
A economia brasileira está em uma situação difícil. De um lado, o país entrou em recessão, que deve se estender até o próximo ano, segundo expectativas do mercado. De outro, a inflação em 12 meses se aproxima de 10% e o dólar, que encarece os produtos importados, chegou ao nível mais alto em quase 13 anos nesta quarta-feira.
Além disso, com dificuldades de aprovar medidas de ajuste fiscal no Congresso, o governo praticamente desistiu de equilibrar as contas públicas no próximo ano.
Sem surpresas
A decisão veio dentro do esperado por analistas de mercado. Praticamente todos os analistas consultados pela agência de notícias Reuters e pelo jornal "Valor Econômico" acreditavam que o BC iria manter os juros em 14,25% ao ano, em meio à forte recessão da economia.
Os economistas consultados pelo BC semanalmente, para a produção do Boletim Focus, estimam que a Selic fechará o ano nos mesmos 14,25%, e cairá para 12% em 2016.
Como o seu bolso é afetado?
- Como os juros continuam altos, ainda está caro pegar empréstimo ou financiamento;
- Pode ficar difícil conseguir emprego porque as empresas investem menos;
- A poupança rende com seu potencial máximo. Quando a Selic está igual ou inferior a 8,5% ao ano, rende menos. Como está acima, vai dar 6,17% ao ano mais a TR;
- Os juros altos aumentam o rendimento com investimentos em certos títulos públicos, por exemplo o Tesouro Selic.
O que é a taxa Selic?
- É a taxa básica da economia, serve de referência para juros e para remunerar investimentos corrigidos por ela;
- Não representa os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos;
- Por exemplo, segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros do cheque especial em julho chegou a 246,9% ao ano e os juros do rotativo do cartão de crédito, a 372,1% ao ano.
Por que os juros sobem?
- Para tentar diminuir a inflação. As pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair, em tese.
Quais as vantagens dos juros altos?
- Tende a reduzir a inflação;
- Investimentos baseados em juros rendem mais para o aplicador.
Quais as desvantagens?
- As empresas investem menos, porque fica caro tomar empréstimos para produção;
- Isso aumenta o desemprego;
- As pessoas também reduzem seus gastos, porque o crediário fica mais caro;
- Essa situação deixa a economia com menos força, o que afeta o PIB (Produto Interno Bruto) ficar baixo.
O que é o Copom?
- O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer a política monetária e definir a taxa de juros;
- Antes do Copom, a Selic já era usada como indicador desde 1986;
- As reuniões ocorrem a cada 45 dias em Brasília;
- O comitê é integrado pelo presidente e por diretores do Banco Central.
(Fonte Reuters)
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