Jornalista José Paulo de Andrade morre aos 78 anos em decorrência da covid-19

O meio Rádio amanheceu de luto nesta sexta-feira (17). O jornalista José Paulo de Andrade morreu aos 78 anos, após ser acometido pela covid-19, doença causada pelo coronavírus. O anúncio de seu falecimento ocorreu na transição entre os programas Jornal Primeira Hora e o Jornal Gente. O profissional estava internado há alguns dias, se afastando da apresentação do programa.

Jornalista de profissão, advogado de formação, José Paulo é bacharel em Direito pelo Largo São Francisco, mas desde criança sonhou com uma carreira radiofônica.

Conseguiu sua primeira oportunidade no começo da década de 60 na Rádio América e chegou à Rádio Bandeirantes AM 840 em 1963. Para manter a excelência jornalística nesses últimos 50 anos, o âncora conta que o importante é se manter atualizado. "Jornalista não tira férias, não pode ficar alheio aos acontecimentos por um dia sequer. Eu leio, leio, leio sem parar", diz.

De 1977 a 1994, foi diretor do departamento de Jornalismo da Rádio Bandeirantes, em um período conturbado da política brasileira. Após sofrer um infarto, foi obrigado a diminuir o ritmo de trabalho e manteve somente a função de apresentador. Até hoje, ele aponta o tabaco como a principal causa do problema de saúde. "Se tem uma coisa que eu mudaria na minha vida, seria isso. Eu nunca teria começado a fumar", diz.

Entre suas histórias no rádio, Zé Paulo já se indispôs no ar com entrevistados notórios, como Orestes Quércia e Jânio Quadros. Dentre as milhares de coberturas jornalísticas, ele destaca a cobertura do sindicalismo durante a época da ditadura. "A Rádio Bandeirantes era a única que colocava o Lula ao vivo; as outras só entravam com material gravado. Era arriscado, por causa da censura, e até hoje o Lula reconhece a nossa postura", conta. "Também lideramos um movimento para a imprensa poder divulgar informações durante a ‘Diretas Já'", relembra.

José Paulo completou em abril deste ano 47 anos no comando de "O Pulo do Gato", um dos programas de maior audiência do rádio brasileiro. A atração começa às tradicionalmente às 5h30 da manhã, mas, segundo ele, levantar cedo deixou de ser um sacrifício há muito tempo. A atração ganhou um livro, escrito por Claudio Junqueira, em 2018.

O âncora também se tornou referência como apresentador do "Jornal da Bandeirantes Gente", desde abril de 1978. Ele sucedeu o jornalista Vicente Leporace e seu tradicional programa "Trabuco". Ele já dividiu a bancada com o saudoso Joelmir Beting e, atualmente, dividia a apresentação com Claudio Humberto, Thays Freitas e Pedro Campos.