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01/06/2020 às 06:30, Atualizado em 31/05/2020 às 21:52

Entenda porque frigoríficos são epicentro da disseminação do coronavírus em MS

São 243 funcionários de frigoríficos contaminados com a doença e infectologista comenta que o ambiente de trabalho é um fator para a transmissão da doença

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Divulgação

Mato Grosso do Sul já ultrapassou os 1,3 mil casos confirmados de Covid-19, o novo coronavírus, e pelo menos 20% dos moradores infectados são trabalhadores de frigoríficos, como em Guia Lopes da Laguna, Dourados e Bonito. O MPT (Ministério Público do Trabalho) já notificou as empresas a criarem medidas de biossegurança dentro dos setores para conter o avanço da contaminação pela doença, pois já são 243 funcionários contaminados.

Mas por que os frigoríficos se tornaram o epicentro da disseminação do coronavírus em MS? Dentre os fatores que poderem explicar o alto índice da contaminação são as características dos ambientes de trabalho em que os funcionários são submetidos.

De acordo com a médica infectologista Priscila Alexandrino, os ambientes são muito estreitos para comportar tantas pessoas ao mesmo tempo. Desta forma, a medida mínima de segurança, que é o distanciamento físico de pelo menos 1,5 metros, acaba não tendo.

Outro fator propício para a disseminação seria o ambiente frio dentro dos frigoríficos. Segundo Alexandrino, por ser um setor fechado e com pouca renovação de ar, o frio ainda proporciona uma resistência maior para a resistência do vírus. “Por ser um ambiente fechado e frio, com pessoas todas juntas, o vírus fica mais tempo viável no ambiente”, explicou a médica.

Ambiente propício

As indústrias e setores alimentícios de MS seguem funcionando normalmente durante a pandemia de coronavírus, pois de acordo com o Governo do Estado, isso poderia prejudicar o abastecimento do estado. Mas conforme o secretário de Governo Eduardo Correa Riedel disse em março, o setor segue sendo fiscalizado de perto pela Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar).

Definidas como serviços essenciais, indústrias que processam carne bovina, aves e suínos em geral, foram mantidos durante a quarentena. Devido à essa decisão, os frigoríficos foram notificados pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) de MS a adota medidas de biossegurança aos funcionários e segundo o órgão público do estado, “as empresas adotaram medidas rigorosas contra o vírus”.

O Estado do Rio Grande do Sul passa pela mesma situação de MS, onde os casos de coronavírus tem se multiplicado dentro dos frigoríficos. No estado gaúcho, as empresas também foram notificadas pelo MPT e de acordo com levantamento, os ambientes de trabalho “são propícios” à disseminação da Covid-19.

Devido a “ambientes fechados, com baixa taxa de renovação de ar, baixas temperaturas, umidade e com diversos postos de trabalho sem o distanciamento mínimo de segurança (…) além da presença de diversos pontos de aglomeração de trabalhadores”. Há também um constante ruído do maquinário de refrigeração, o que faz com que as pessoas tenham de gritar para serem ouvidas, favorecendo o espalhamento de saliva no ar, uma das formas de disseminação do vírus.

Funcionários infectados

Em reportagem que publicada na quinta-feira (28) pelo Midiamax, mostra que o número de pessoas infectadas dentro dos frigoríficos, coloca o setor na mira das autoridades sanitárias. Segundo informações MPT-MS, a unidade com maior número de casos é o Frigorífico Brasil Global Agroindustrial Ltda., em Guia Lopes da Laguna, com 109 contaminados. A cidade conta com 226 pacientes infectados segundo o boletim epidemiológico desta quinta-feira.

Em Dourados, a Seara Alimentos (JBS) conta com 96 trabalhadores com diagnóstico positivo para a doença e a BRF S.A tem 8 funcionários com coronavírus. A cidade conta com 220 casos confirmados. Já a Frigorífico Franca Comércio de Alimentos Ltda., em Bonito, apresentou 30 registros de infectados, entre as 44 confirmações deste domingo.

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