Publicado em 19/02/2021 às 17:00, Atualizado em 19/02/2021 às 16:03

Em baixa no Ibope, Ratinho piora sua imagem já desgastada

Causa surpresa ver o apresentador que já foi parlamentar defender ação antidemocrática que afetaria Bolsonaro

Redação,
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Ratinho puxa o tapete de Bolsonaro e pode desagradar a Silvio Santos ao fazer alusão a um golpe militar no País

Foto: Fotomontagem: Blog Sala de TV

Como foi amplamente repercutido na imprensa, Ratinho disse ao microfone da Massa FM, da qual é proprietário, que está na hora de um general assumir o poder para consertar o Brasil. A declaração é duplamente polêmica.

Primeiramente, pelo óbvio: trata-se da defesa de um golpe à Constituição Federal. Detalhe: Ratinho foi legislador ao longo de 18 anos, de 1977 a 1995, quando cumpriu dois mandatos de vereador no Paraná e um na Câmara dos Deputados. Na teoria, seria um defensor do Estado de direito e da democracia.

A segunda controvérsia atinge Jair Bolsonaro. O apresentador sempre foi apoiador do presidente. Dá espaço privilegiado a ele e sua ideologia no programa que comanda no SBT e nos veículos de seu grupo de comunicação. Sugerir a tomada do poder por um general é descartar Bolsonaro da função para a qual foi democraticamente eleito.

A figura de Ratinho é indissociável da imagem do SBT. São mais de duas décadas de parceria com Silvio Santos. Antes, era contratado como artista. Hoje, tem status semelhante ao de um sócio da emissora na administração de gastos e lucros do horário que ocupa na faixa nobre. Além disso, sua Rede Massa possui emissoras afiliadas do SBT no Paraná.

O canal faz parte do grupo de grandes emissoras simpáticas à direita. Por isso, Ratinho se sente em casa. Mas a declaração que ele deu em sua rádio dificilmente seria dita diante das câmeras de TV. O apresentador sabe das possíveis graves consequências — não apenas para ele, como também a Silvio Santos, um entusiasta do bolsonarismo.

Em baixa no Ibope, com perdas recorrentes para atrações da rival RecordTV, o animador precisa encontrar outros artifícios para se projetar na mídia e chamar a atenção do público. Passar a impressão de autoritário pode não afugentar sua audiência popularesca, mas deteriora seu prestígio e há chance de desagradar anunciantes.

Até mesmo Bolsonaro abandonou a defesa de ideias mais radicais por conta da péssima repercussão e do custo político. Carismático, Ratinho deveria investir mais em seu humor brejeiro na TV do que levantar polêmica associada a um pensamento reacionário.