Os crimes digitais contra crianças e adolescentes registraram crescimento expressivo no Brasil em 2024, segundo dados do 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
O relatório mostra que os ataques virtuais e a produção de material de abuso sexual infantil se intensificaram, ao lado do aumento de outros tipos de violência, incluindo bullying, agressões domésticas e mortes violentas.
No ambiente virtual, os casos de produção ou distribuição de material de abuso sexual infantil aumentaram 14,1% em relação a 2023.
A taxa nacional chegou a 6,3 vítimas por 100 mil habitantes entre crianças e adolescentes de 0 a 17 anos.
O anuário destaca que os crimes sexuais praticados pela internet continuam subnotificados e enfrentam entraves para registro e investigação.
A formalização do crime de bullying pela Lei 14.811/2024 levou ao registro de 2.543 casos envolvendo menores de idade, o equivalente a uma taxa de 5,9 por 100 mil habitantes.
Os casos se concentraram entre os 10 e 17 anos, com taxas de 12,0 por 100 mil na faixa de 10 a 13 anos e de 11,5 por 100 mil entre 14 e 17 anos.
O cyberbullying também foi registrado, com 2.356 ocorrências e taxa de 1,1 por 100 mil habitantes. O pico de registros ocorreu entre adolescentes de 12 anos.
A violência escolar também apresentou crescimento. Em 2023, 3,6% das escolas relataram interrupções no calendário por episódios violentos, frente a 1% em 2021.
O aumento foi de 245,6% em dois anos. Os dados consideram tanto ataques extremos quanto situações de violência urbana que afetam o cotidiano das escolas.
O relatório também mostra que os crimes contra crianças e adolescentes cresceram em todas as faixas etárias. Em 2024, o país registrou 60.394 vítimas de violência nessa população. O abandono de incapaz teve alta de 9,4%, atingindo 24,4 por 100 mil habitantes.
Os casos de maus-tratos subiram 8,1%, lesão corporal em ambiente doméstico aumentou 7,8%, e os registros de descumprimento dos deveres parentais cresceram 5,7%.
Entre os crimes letais, o anuário contabilizou 2.103 mortes violentas de adolescentes. A maior incidência foi entre os 14 e 17 anos.
Das mortes registradas, 452 foram causadas por ações policiais, o que corresponde a 3,7% do total. Apesar da redução geral da violência letal no país, a faixa etária entre 10 e 17 anos permanece como a mais afetada.
A publicação indica que o padrão da violência contra crianças e adolescentes mudou nos últimos anos, com presença crescente no meio digital, nas escolas e dentro de casa.
Com informações do Portal IG
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