Publicado em 12/01/2018 às 12:30, Atualizado em 12/01/2018 às 10:06

Standard & Poor's rebaixa rating do Brasil e revisa perspectiva

O atraso no avanço das reformas e a incerteza política são as principais fraquezas do rating, diz agência.

Redação,
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Agência alertou que há riscos para um rebaixamento adicional do Brasil no próximo ano (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

A agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou o rating do Brasil de BB para BB-. A perspectiva da nota foi modificada de negativa para estável.

O rebaixamento era esperado nas últimas semanas, à medida que falharam as negociações no Congresso para aprovação da Reforma da Previdência no final do ano passado.

Em 15 de agosto, a mesma S&P Global tirou a nota brasileira da observação para possível rebaixamento (CreditWatch), posição colocada em maio, ao dizer que o "governo parece empenhado em fazer avançar reformas, em conter o crescimento das despesas e em avançar a ativa agenda de reformas microeconômicas". Naquela data, o governo havia revisado a meta fiscal para déficit R$ 159 bilhões em 2017.

Atraso em reformas e incerteza política

O atraso no avanço das reformas e a incerteza política são as principais fraquezas do rating do Brasil, de acordo com a agência de classificação de risco.

De acordo com a S&P, a perspectiva estável reflete a visão de que há uma probabilidade menor do que uma em cada três de que possa haver um rebaixamento ou uma elevação da nota do Brasil no próximo ano.

"Isso reflete os pontos fortes da política externa e monetária do País, que ajudam a compensar uma fraqueza significativa, uma economia com perspectivas de crescimento menores do que seus pares e nossa visão de que a eficácia da formulação de políticas em todos os ramos do governo enfraqueceu", afirmou a agência.

No comunicado da decisão, a S&P comentou que o governo de Michel Temer (PMDB) articulou uma agenda macroeconômica e microeconômica abrangente para implementar condições para um crescimento mais forte.

Além disso, a agência lembra que o Congresso aprovou parte dessa agenda, incluindo o teto de gastos, a Reforma Trabalhista, uma reabertura do setor de petróleo e gás e um regime de recuperação fiscal para Estados altamente endividados e dispostos a realizar reformas. No entanto, "apesar dos vários avanços, o governo Temer fez progressos menores que o esperado" na avaliação da S&P, ao não aprovar a Reforma da Previdência ainda em 2017.

"O enfraquecimento da nossa avaliação institucional do Brasil reflete um progresso mais lento que o esperado e um menor apoio da classe política do País para implementar uma lei significativa para corrigir a derrapagem fiscal nas bases atuais", disse a S&P.

Para a agência, embora o governo tenha avançado com reformas microeconômicas, não conseguiu amplo apoio no Congresso para fortalecer a trajetória fiscal, a fim de facilitar a adesão ao limite de gastos do Brasil.

A agência alertou que há riscos para um rebaixamento adicional do Brasil no próximo ano caso uma fraqueza do balanço de pagamentos prejudique o acesso ao mercado ou gere um aumento acentuado da dívida externa.

Em caso contrário, a S&P Global enxerga que o espaço para elevação do rating BB- pode surgir se o governo eleito em outubro "se articular e implementar uma correção fiscal sólida e sustentável, com apoio do Congresso".

PIB

A agência afirmou ainda que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve ter crescido 1% no ano passado, após dois anos de contração, mas ressaltou que as perspectivas de expansão da atividade econômica do país continuam limitadas pelo alto endividamento e pelo baixo nível de investimento.

A S&P disse esperar que o PIB do Brasil cresça, em média, 2 4% entre 2019 e 2020 e ressaltou que as perspectivas de expansão foram - e continuarão - abaixo das de outros países em fase de desenvolvimento similar.

Conteúdo Estadão