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01/05/2020 às 14:28, Atualizado em 01/05/2020 às 11:06

PGR denuncia Aécio Neves por suposta propina de R$ 65 milhões

A suposta participação de Aécio em um esquema para obras em Rondônia teria como objetivo, segundo a PGR, defender interesses da Companha Energética de Minas Gerais (Cemig), sócia nos dois empreendimentos.

A PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou, nesta quinta-feira, dia 30 de abril, o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) por lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

Segundo a PGR, Aécio Neves recebeu R$ 65 milhões das construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez para atender interesses das empreiteiras nas obras do complexo hidrelétrico do Rio Madeiras – as usinas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia. O suposto esquema foi citado na delação de Marcelo Odebrecht.

Em nota, a defesa de Aécio negou envolvimento do político no caso, e disse ter recebido a denúncia com "surpresa e indignação". O advogado Alberto Toron afirma que as delações são contraditórias e critica o que chama de "vazamentos sistemáticos de inquérito sigiloso" (leia íntegra abaixo).

A suposta participação de Aécio em um esquema para obras em Rondônia teria como objetivo, segundo a PGR, defender interesses da Companha Energética de Minas Gerais (Cemig), sócia nos dois empreendimentos.

A empresa estatal é vinculada ao governo de Minas Gerais, que foi comandado por Aécio entre 2003 e 2010.

A denúncia divide esse valor em dois montantes:

R$ 30 milhões supostamente pagos pela Odebrecht, no período em que Aécio era governador de Minas Gerais e senador;

R$ 35 milhões supostamente pagos pela Andrade Gutierrez entre 2010 e 2011.

A PGR afirma no texto que Aécio Neves realizou um "ciclo de lavagem de dinheiro que envolveu ocultação e dissimulação por esquema sofisticado de lavagem, uso de terceiros para obtenção de dinheiro (doleiros), para transporte e para recebimento, além de uso de codinomes e senha para compartilhamento com seu preposto, tudo a escamotear a origem ilícita do dinheiro".

"Assim, para muito além do exaurimento nas entregas das vantagens indevidas, os pagamentos, que ocorreram via sofisticado esquema de contabilidade paralela, ocultaram a origem, propriedade, localização e movimentação de recursos de origem ilícita", diz a denúncia.

De cargo em cargo

Os procuradores- também citam sucessivas tratativas entre os denunciados e Aécio Neves, por um longo período de tempo – inclusive, quando Aécio mudava de cargo público.

"Nos termos devidamente narrados nesta denúncia, houve sucessivas tratativas entre os denunciados por um longo período de tempo e que mantiveram estável vinculo existente com Aécio Neves ao longo de sua carreira pública em diversos cargos e que renovaram a promessa de vantagem indevida do agente privado corruptor em troca da atuação funcional do agente publico corrupto".

Além do deputado, também foram denunciados:

Dimas Toledo, ex-diretor de Furnas, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro;

Alexandre Accioly, empresário apontado em delações como "operador" de Aécio, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro;

Marcelo Odebrecht, ex-diretor da construtora Odebrecht, por corrupção ativa e lavagem de dinheiro;

Ênio Silva, delator e ex-funcionário da Odebrecht, por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

Além do recebimento da denúncia, que será agora analisada pelo Supremo Tribunal Federal, a subprocuradora-geral da República Lindôra Maria Araújo pede o interrogatório dos denunciados, indenizações e a reparação dos danos materiais causados.

Confira a íntegra da nota enviada pela defesa de Aécio Neves:

Essa notícia causa surpresa e indignação. Não há e nunca houve qualquer crime por parte de Aécio Neves. Foi demonstrado exaustivamente que as conclusões alcançadas pelo delegado são mentirosas e desconectadas dos próprios relatos dos delatores e, o que é mais grave, das próprias investigações da PF. Aliás, tamanho é o absurdo do presente caso que os próprios relatos dos delatores desmentem-se entre si. Basta lê-los.

Depois, mais uma vez a Defesa vê-se surpreendida com vazamentos sistemáticos de inquérito sigiloso, sendo certo que nem mesmo os advogados tiveram acesso à referida denúncia para rebatê-la.

Por fim, a Defesa confia que o poder Judiciário promoverá a análise detida e imparcial dos fatos e chegará à única conclusão possível: não há sequer indício de crime por parte do deputado Aécio

Alberto Zacharias Toron

Advogado

Fonte - G 1

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