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14/02/2024 às 14:00, Atualizado em 14/02/2024 às 12:55

Pedido de R$ 100 mil, 'empresários do agro' e políticos: PF reúne provas que indicam atuação premedita de atos golpistas

Investigações revelam avanços no que diz respeito aos financiadores e mentores da tentativa de golpe de Estado

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Foto: Divulgação/Polícia Federal

As investigações da Polícia Federal (PF) sobre a ofensiva antidemocrática revelam avanços no que diz respeito aos financiadores e mentores da tentativa de golpe de Estado que resultou na invasão e depredação das sedes dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023. As informações são do jornal O Globo.

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que ordenou a operação Tempus Veritatis contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, apresentou os indícios mais robustos até o momento de uma trama golpista premeditada. As investigações sugerem que houve conhecimento prévio e apoio de alguns dos nomes mais próximos ao então presidente.

Conforme as investigações, os atos partiram da "arregimentação e do suporte direto" do grupo ligado a Bolsonaro, suspeito de envolvimento na tentativa de rompimento constitucional. A conclusão foi reforçada por meio de conversas e áudios obtidos pela PF.

Um dos diálogos revela o major Rafael Martins de Oliveira, que acabou preso, solicitando orientações ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-auxiliar de Bolsonaro, sobre recursos financeiros para transportar "pessoas" do Rio de Janeiro a Brasília e para definir locais para a realização das manifestações. O diálogo aconteceu dias antes dos atos bolsonaristas convocados em novembro de 2022.

Martins questionou se deveriam direcionar o protesto à Praça dos Três Poderes e indagou se as Forças Armadas permitiriam que os manifestantes permanecessem nesses locais. Mauro Cid respondeu: "CN e STF", referindo-se ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal, e em seguida afirmou "vão", indicando concordância por parte dos militares. O protesto acabou ocorrendo em frente ao Quartel-General do Exército.

Em outro diálogo, Cid pede uma estimativa de preço com relação aos custos para financiar essa ação. “R$ 100 mil?”, pergunta, completando: “Para trazer um pessoal do Rio”.

Martins responde que “aquele valor de 100 se encaixa nessa estimativa”. Ao encaminhar um arquivo, sugere: “Depois apaga”.

A Procuradoria Geral da República (PGR), em parecer, apontou que as investigações indicam que Martins “atuou de forma direta no direcionamento dos manifestantes para os alvos de interesse dos investigados” e realizou a “coordenação financeira e operacional para dar suporte aos atos antidemocráticos e arregimentar integrantes das Forças Especiais do Exército, para atuar nas manifestações, que, em última análise, não se originavam da mobilização popular”.

Há suspeitas de que os R$ 100 mil solicitados a Cid tenham sido direcionados a um grupo de oficiais das Forças Especiais do Exército, conhecidos como de "kids pretos", com os quais auxiliares de Bolsonaro se encontraram nos meses anteriores ao 8 de Janeiro. O grupo militar teria fomentado as invasões das sedes dos três Poderes e orientado a multidão.

Empresários do agro

Em outra investigação, um áudio enviado por Cid, em 16 de novembro, destacou o envolvimento de empresários do agronegócio. Na gravação, ele menciona que "empresários do agro" que estavam financiando e colocando carros de som em Brasília tiveram seus bens bloqueados e foram convocados para depor. Na época, Moraes havia determinado o bloqueio de contas relacionadas a 43 empresários, além de agendar os depoimentos.

A defesa de Bolsonaro alega que ele nunca "atuou ou conspirou" contra a democracia, enquanto os advogados de Cid afirmam que nenhum valor foi efetivamente pago e que ele está disposto a explicar as mensagens à Polícia Federal caso seja intimado para prestar novo depoimento.

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