Mesmo internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) concedeu uma entrevista exclusiva ao telejornal SBT Brasil, exibida na noite de segunda-feira (21). Ao jornalista Cesar Filho, Bolsonaro falou sobre seu estado de saúde, o processo no Supremo Tribunal Federal (STF), a sua visão sobre a liderança da direita na América Latina e voltou a alimentar a possibilidade de disputar as eleições presidenciais de 2026 — apesar de estar inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“A Justiça Eleitoral muda rapidamente seu perfil. São mandatos passageiros, que mudam rapidamente”, afirmou. “Vou lutar até o último momento”, completou, sugerindo que a inelegibilidade ainda pode ser revertida até o prazo final de registro de candidaturas.
Em junho de 2023, o TSE declarou Bolsonaro inelegível por oito anos, com base no abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, durante reunião com embaixadores em que atacou o sistema eleitoral brasileiro sem apresentar provas. Apesar da decisão, o ex-presidente segue defendendo que sua condenação foi injusta.
“Eleições sem o maior líder da oposição no ano que vem é uma negação à democracia no Brasil”, declarou.
“Sou o maior líder da direita”
Na entrevista, Bolsonaro se posicionou como o principal nome da direita brasileira e sul-americana. Disse que há outros nomes surgindo dentro dos partidos conservadores, mas que o eleitorado continua a preferi-lo como líder:
“A maioria da população não quer outro nome da direita que não seja Jair Messias Bolsonaro, e ponto final”, afirmou.
O ex-presidente também se comparou a Donald Trump, a quem atribuiu um espaço de destaque em sua trajetória: “Sou o maior líder da direita na América do Sul e, a pensar pelo tamanho do Brasil e pela população, também mundial. Logicamente, sempre deixo um espaço reservado àquela pessoa – que tenho muita gratidão – que é o Donald Trump”.
Processo no STF e “minuta do golpe”
Bolsonaro voltou a afirmar que o processo de que é alvo no STF, no âmbito dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, é “político e não técnico”. Segundo ele, sua ausência do país à época — ele estava nos Estados Unidos — comprova que não teve envolvimento direto.
“Acabei entrando sem querer neste processo. Como posso deteriorar patrimônio, se estava fora do Brasil?”, questionou. “É um processo tipicamente político, não tem nada de técnico. Absurdos, arbitrariedades sem nenhuma prova.”
Sobre a chamada “minuta do golpe”, encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres, Bolsonaro negou que o documento tivesse objetivo golpista. Segundo ele, tratava-se de um texto amparado na Constituição, que previa a decretação do “estado de defesa” — instrumento legal previsto para situações de grave instabilidade institucional.
“Nunca existiu minuta de golpe. A minuta está baseada em um dispositivo constitucional”, afirmou.
Bolsonaro também foi questionado sobre um suposto plano para assassinar autoridades brasileiras, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Alexandre de Moraes, em operação apelidada de “punhal verde e amarelo”. O ex-presidente negou qualquer participação ou conhecimento prévio do plano.
“Quem tem que explicar isso é um general da reserva, onde foi encontrado o plano. Logicamente abomino qualquer tentativa de assassinar quem quer que seja. Isso nunca fez parte da minha vida”, afirmou.
Saúde delicada
Internado desde a última semana, Bolsonaro revelou que passou por sua cirurgia “mais invasiva e complexa”. Segundo ele, o procedimento traz consequências permanentes.
“Vou ter que aprender a viver com esse problema. Sei que ainda vou enfrentar muitos desafios pela frente. Mas peço a Deus pra viver mais 10 anos”, declarou.
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