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10/01/2018 às 15:52, Atualizado em 10/01/2018 às 17:57

Inflação termina 2017 em 2,95% abaixo do piso da meta pela 1ª vez

O resultado acumulado do ano foi o mais baixo desde 1998. Foi também a primeira vez desde 1999 que a inflação no ano ficou abaixo do piso da meta do governo, de 3%.

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O valor, que corresponde ao índice acumulado no ano, ficou abaixo do piso da meta do Banco Central - Divulgação

A inflação encerrou o ano de 2017 em 2,95%, divulgou o IBGE nesta quarta-feira (10). O valor, que corresponde ao índice acumulado no ano, ficou abaixo do piso da meta do Banco Central, de 4,5% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

O descumprimento da meta em 2017 já era esperado pelo mercado. Com o resultado, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, deverá enviar uma carta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, explicando por que a inflação não ficou dentro do estipulado.

De acordo com o BC, a carta será divulgada nesta quarta às 17h30. "Parte do regime de metas para a inflação no Brasil, a carta aberta é um instrumento pelo qual o Banco Central presta contas à sociedade sobre o cumprimento das metas fixadas pelo CMN [Conselho Monetário Nacional]", afirmou a instituição, em nota.

Será a primeira vez que ocorre tal situação desde que foi criado o sistema de metas de inflação, em 1999. Na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) publicada, publicada em 12 de dezembro do ano passado, o BC culpou os alimentos pelo desvio da meta.

O resultado acumulado do ano foi o mais baixo desde 1998. Foi também a primeira vez desde 1999 que a inflação no ano ficou abaixo do piso da meta do governo, de 3%.

Entre os efeitos econômicos da inflação baixa, estão maior poder de compra da população e possibilidade de redução da taxa de juros.

Segundo o IBGE, foi o setor de alimentos e bebidas, que compõem cerca de 25% das despesas das famílias, o que mais contribuiu para que o IPCA ficasse abaixo da meta.

Os alimentos recuaram 4,85% em 2017, com destaque para as frutas (-16,52%), que tiveram o maior impacto negativo (-0,19 p.p.) no índice geral.

Segundo o gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor, Fernando Gonçalves, a queda do preço dos alimentos foi consequência da produção agrícola, que teve uma safra cerca de 30% superior a 2016.

"Essa situação levou o consumidor a pagar mais barato (-1,87%) do que no ano anterior. É a primeira vez que o grupo apresenta deflação desde a implementação do Plano Real", diz Gonçalves.

Ainda segundo o IBGE, a queda nos preços dos alimentos ocorreu principalmente por conta dos alimentos para consumo em casa.

"Com 15,67% de peso [no índice], estes alimentos caíram 4,85%, enquanto a alimentação consumida fora de casa, que pesa 8,88%, subiu 3,83%", afirmou o órgão.

Os alimentos ficaram mais baratos no ano em todas as regiões pesquisadas, variando de queda de 0,21% em Brasília a 4,28% em Belém. Em São Paulo, a redução foi de 0,47%, enquanto no Rio a queda foi de 0,91%.

A queda dos preços dos alimentos compensou as altas recentes dos chamados preços administrados, que são aqueles cujos reajustes são definidos por governos, como gasolina e energia elétrica.

Segundo o IBGE, 7 das 10 maiores altas do IPCA foram em produtos e serviços de preços administrados.

Segundo Gonçalves, há expectativa de que a safra deste ano seja um pouco menor do que a observada em 2017. "Os preços estão voltando a se realinhar, a economia está começando a voltar, assim como os empregos. Os indicadores estão voltando a patamares normais", disse Gonçalves.

Para 2018, a expectativa de analistas é que a inflação continue sob controle.

O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), também divulgado pelo IBGE nesta quarta, encerrou o ano acumulado em 2,07%. O índice é utilizado como parâmetro para reajustes salariais, inclusive do salário mínimo, que com esse resultado ficou abaixo da inflação observada.

ALTAS

Enquanto alimentos caíram, outros itens mostraram altas. Os que mais influenciaram o aumento da inflação foram habitação (6,26%), saúde e cuidados pessoais (6,52%) e transportes (4,10%).

"Na habitação, as principais influências da alta vieram de produtos como o gás de botijão (16%), a taxa de água e esgoto (10,52%) e a energia elétrica (10,35%)", informou o IBGE, que atribui a situação, em parte, ao reajuste de 84,31% nas refinarias, que contribuiu para o aumento no preço do gás de cozinha vendido em botijões de 13kg.

O setor de saúde e cuidados pessoais foi influenciado pelos planos de saúde, que ficaram 13,53% mais caros, e dos remédios (4,44% de aumento).

A gasolina subiu 10,32%, contribuindo para a inflação dos transportes. Em 2017, o combustível foi afetado pelo reajuste de PIS/Cofins, além de ter tido 115 reajustes nos preços nas refinarias, com aumento acumulado de 25,49% de 3 julho a 28 de dezembro de 2017 (final da coleta do IPCA de dezembro), dentro da nova política de preços da Petrobras.

DEZEMBRO

Em dezembro, o IPCA ficou em 0,44%, a maior variação mensal de 2017, principalmente por causa dos alimentos, que subiram 0,54% no período, e dos transportes, com alta de 1,23%.

Com a alta de dezembro, os alimentos encerraram sete meses seguidos de queda. O IBGE atribui a variação à alimentação consumida em casa, com alta de 0,42%.

"Apesar de alguns produtos terem caído de preços, como o feijão-carioca (-6,73%) e o leite longa vida (-1,43%), outros, também importantes na mesa dos brasileiros, exerceram pressão contrária, como as carnes (1,67%), as frutas (1,33%), o frango inteiro (2,04%) e o pão francês (0,67%)", afirmou o órgão.

A alimentação fora de casa subiu 0,74% no mês.

Passagens aéreas também ficaram mais caras, com alta de 22,28%, e o litro da gasolina subiu 2,26%.

"Juntos, com impacto de 0,18 p.p., estes dois itens representaram 41% do IPCA de dezembro", disse o IBGE.

O grupo habitação ficou 0,4% mais barato, com impacto para baixo por conta da redução de 3,09% na conta de luz. No mesmo grupo, porém, houve alta de 1,09% no botijão de gás.

Considerando as regiões, São Paulo foi onde houve a maior inflação em dezembro: 0,62%, contra queda de 0,18% em Belém.

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