Publicado em 13/05/2017 às 17:30, Atualizado em 13/05/2017 às 14:18

Ex-secretário de André tentou destruir provas de lavagem de dinheiro e propinas

Cance pede para que o irmão não se desfaça de uns livros vermelhos, que teriam recortes de jornal.

Redação,

Ex-secretário adjunto de Fazenda de Mato Grosso do Sul, André Cance, investigado na Operação Lama Asfáltica, tentou destruir provas dos crimes de lavagem de dinheiro e recebimento de propina, cometidos durante gestão do ex-governador André Puccinelli (PMDB). A informação é do portal do jornal Correio do Estado.

As interceptações de ligação telefônica entre Cance e seu irmão, ocorrida em 18 de dezembro de 2014, mostram o ex-secretário perguntando ao irmão: "Você botou fogo naqueles negócios que estavam aí do André Puccinelli?", ao que irmão responde: "A maioria, quase tudo".

Em seguida, Cance pede para que o irmão não se desfaça de uns livros vermelhos, que teriam recortes de jornal.

Ainda conforme o portal, à Polícia Federal, Cance explicou que os objetos que teriam sido queimados eram documentos relacionados a projetos de lei de iniciativa de Puccinelli na época em que era deputado, além de recortes de jornais e livros encadernados referentes a atos como prefeito municipal, que teriam sido guardados por anos em galpão.

Ainda segundo ele, todos os materiais, inclusive os livros vermelhos citados, foram destruídos.

No entanto, no entendimento da Polícia Federal e Ministério Púbico Federal (MPF), diálogo interceptado indica movimentação no sentido de destruir provas de crimes praticados durante a gestão do ex-governador.

De acordo com o Correio do Estado, as investigações apontaram que crimes foram praticados através da produção de uma grande quantidade de documentos falsos, como contratos de locação e notas fiscais de prestação de serviços, visando acobertar transferências milionárias de propinas.

Crimes de ocultação teriam acontecido mesmo depois do fim do governo de André Puccinelli, quando Cance deixou o cargo de secretário-adjunto e continuou a ocultar e dissimular bens e utilizar laranjas.

Cance intermediava os pagamentos e negociações do ex-governador André Puccinelli (PMDB) com a Gráfica Alvorada e a JBS, conforme apontam as investigações. Além disso, ele recebia pagamentos da Ice Cartões, empresa responsável por emitir documentos para o Detran.

Segundo o MPF, Cance ocupava posição de gerenciamento na organização criminosa e que esquema resultou em perda da arrecadação de centenas de milhões de reais para o Estado, através de concessão de benefícios fiscais mediante pagamento de propinas. o ex-secretário teve prisão preventiva decretada e mandado foi cumprido na quinta-feira.