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28/04/2017 às 17:30, Atualizado em 28/04/2017 às 16:12

Assaltantes presos tentando fugir para o MS são soltos pela Justiça Federal

Outros cinco também foram soltos.

A Justiça Federal concedeu liberdade a dois suspeitos de envolvimento no assalto milionário à empresa Prosegur, no Paraguai, presos no início da noite de terça-feira, enquanto tentavam fugir para Mato Grosso do Sul. A dupla, cuja identidade foi mantida em sigilo, tentava deixar a faixa de fronteira, onde a fiscalização foi intensificada contando, inclusive, com apoio do Exército. Havia possibilidade de que fossem bois de piranha, ou seja, iscas para despistar as investigações, porém, a Polícia Federal descartou tal hipótese, pois há indícios reais de que estejam envolvidos. Além deles, outros cinco também foram soltos.

De acordo com a assessoria de imprensa da PF, os dois homens supostamente ligados à facção Primeiro Comando da Capital (PCC) seguiam em um Fiat Idea com placas de Matelândia (PR), quando foram interceptados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na BR-277, tentando chegar em Guaíra, de onde tentariam avançar no Brasil pelo território sul-mato-grossense. Após serem ouvidos na Delegacia da PF, foram liberados. A polícia não forneceu detalhes acerca das decisões. É mantida a suspeita de que pelo menos 50 pessoas tenham participado do assalto. O prejuízo foi de 40 milhões de dólares - cerca de R$ 120 milhões.

PCC

Desde que o caso veio à tona, na madrugada da última segunda-feira (24), autoridades tanto do Brasil quanto do Paraguai acreditam que o ataque tenha sido encabeçado pelo PCC, uma das grandes ameaças à ordem pública na América do Sul. O principal responsável seria Rogério Jeremias de Simone, mais conhecido no mundo do crime como Gegê do Mangue, foragido da justiça brasileira que havia se instalado em Ciudad Del Este, onde tudo aconteceu, para controlar o tráfico de armas e drogas em favor da facção. Por isso, é possível que ele tenham coordenado o ataque a fim de levantar fundos e demonstrar poder de fogo.

Por outro lado, o jornal ABC Color, do Paraguai, aponta que os assaltantes podem ter recebido ordens de Diego da Silva, suposto terceiro na linha de comando do PCC. Policiais do país vizinho afirmaram que o brasileiro era considerado como um tipo de chefe militar operacional, encarregado de administrar a compra, venda e distribuição de materiais bélicos a comparsas. Silva foi um dos três mortos em confronto com policiais na região de Itaipulândia, no Paraná, onde parte dos ladrões foi flagrada tentando atravessar a fronteira em um lancha, quando houve interceptação. Apesar das suspeitas, o mandante ainda não foi identificado.

Roubo

O assalto, considerado maior da história do Paraguai pela quantia de dinheiro levada, cerca de R$ 120 milhões, e modo violento de agir, teve início por volta da 1h30 de segunda-feira passada. Primeiro, o bando bloqueou as saídas do Departamento da Polícia Nacional usando carros incendiados com coquetel molotov e pinos para furar pneus. Simultaneamente, fecharam acesso à Prosegur, de maneira que apenas a rota traçada por eles estivesse livre. Enquanto uma van com aproximadamente 20 homens fortemente armados parava na frente da empresa, comparsas promoviam terror atirando deliberadamente nas ruas, a fim de repelir a aproximação de veículos, incluindo viaturas e carros de civis. Pelo menos 50 pessoas teriam participado.

Logo ao entrar no estabelecimento, o bando atirou no policial Benítez que dormia em um automóvel, e dominou o restante da segurança. Foram realizadas pelo menos cinco explosões dentro do prédio, que os permitiu chegar ao cofre. Com apoio de carros blindados, tomaram malotes com aproximadamente 40 milhões de dólares e depois explodiram o local, a fim de dificultar a aproximação policial e eliminar vestígios que pudessem auxiliar nas investigações. Em seguida o grupo fugiu.

Brasileiros presos

Enquanto autoridades concentram esforços na busca pelos envolvidos no roubo que ocorreu no Paraguai, membros de facção tentam se infiltrar na linha internacional de Mato Grosso do Sul com o país vizinho. Na quarta-feira, a Polícia Nacional do Paraguai prendeu em Capitá Bado, fronteira com Coronel Sapucaia, cinco homens que seriam ligados ao crime organizado. O flagrante aconteceu enquanto autoridades locais tentavam chegar à liderança regional do PCC. São eles Paulo César Alves, 49 anos, Erivaldo Rosa Mendez, 32, Edilson Teles Maciel, 27, Fernando Gómes Novaes, 26, e Elio Reis Júnior, 32.

De acordo com o ABC Color, os brasileiros provavelmente estavam tentando se instalar naquela área sem serem percebidos, de onde poderiam articular tráfico de drogas e armas. Tanto o PCC quanto o rival Comando Vermelho (CV), estão em guerra na disputa pelo domínio da fronteira no Departamento (Estado) de Amambay, que é o vizinho do Brasil. O corredor de cocaína que sai da Colômbia, Perú e Bolívia, juntamente com as grandes plantações de maconha naquela localidade, fazem da fronteira seca verdadeiro objeto de desejo do crime organizado. A execução de Jorge Rafaat Toumani exemplifica estes confrontos.

Fonte - Correio do Estado

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