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14/05/2017 às 17:29, Atualizado em 14/05/2017 às 15:32

Desemprego urbano deve continuar subindo no Brasil e na América Latina, prevê relatório

A nova edição da publicação "Conjuntura Trabalhista na América Latina e no Caribe" analisou o desempenho do mercado de trabalho regional em 2016.

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Foto: Agência Brasil

A taxa média de desemprego urbano da América Latina e do Caribe voltará a aumentar em 2017, em um ano marcado por um modesto crescimento econômico que não deve ser suficiente para compensar a fragilidade do mercado de trabalho, segundo novo relatório divulgado na quinta-feira (11) pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A nova edição da publicação "Conjuntura Trabalhista na América Latina e no Caribe" analisou o desempenho do mercado de trabalho regional em 2016.

No documento, os dois organismos afirmaram que a taxa de desemprego urbano aumentou de 7,3% em 2015 para 8,9% no ano passado. Trata-se do maior incremento anual em mais de duas décadas, atribuído aos impactos da crise econômica.

O indicador foi afetado pela importante deterioração do mercado de trabalho brasileiro, cuja taxa de desemprego urbano aumentou 3,7 pontos percentuais entre 2015 e 2016, para 13%, o mais alto da América Latina e do Caribe, com exceção da Jamaica (13,2%).

Em vista do modesto crescimento econômico regional de 1,1% que a CEPAL e a OIT estimam para 2017, é muito provável que se mantenham as condições de fragilidade do mercado de trabalho em 2017, particularmente no que se refere à criação de novos trabalhos e às características dos empregos existentes e futuros.

A projeção é de um novo aumento de 0,3 ponto percentual na taxa de desemprego urbano regional, que ficará na média do ano em torno de 9,2%, principalmente devido à fragilidade da geração de empregos assalariados — que incide sobre a taxa de ocupação (proporção da população em idade de trabalhar que se encontra ocupada).

"Tendo em vista que o emprego é a chave-mestra para reduzir a pobreza e a excessiva desigualdade na região, as tendências laborais recentes são altamente preocupantes", advertiram a secretária-executiva da CEPAL, Alicia Bárcena, e o diretor regional da OIT, José Manuel Salazar, no prólogo do documento.

"Os avanços para combater esses flagelos foram freados, o que torna necessário duplicar os esforços para promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho decente para todos, tal como estabelecido pelo Objetivo do Desenvolvimento Sustentável número 8", destacaram.

Em 2016, 13 países tiveram um aumento da taxa de desemprego urbano, enquanto oito tiveram queda ou mantiveram o mesmo nível de 2015.

Esse desemprenho contrasta com o observado em 2015, quando em oito países a taxa de desemprego aumentou, enquanto diminuiu ou se manteve em 13.

O relatório indicou também um aumento do trabalho por conta própria que, sobretudo no contexto de uma frágil geração de emprego assalariado, caracteriza-se por rendas baixas e instáveis.

Isso implica uma deterioração da qualidade média do emprego, o que se reflete também nas baixas (e em vários casos, negativas) taxas de crescimento do emprego registrado em carteira e em aumentos salariais mais baixos, completou.

O documento lembrou ainda que uma deterioração das condições de trabalho costumam afetar, mais do que tudo, grupos vulneráveis, entre os quais mulheres e jovens de baixo nível educacional, além dos migrantes.

Em relação a esses últimos, o documento apresentou um panorama geral sobre sua inserção laboral nos países da região, tema de crescente relevância tendo em vista que a migração entre países da região adquiriu grande importância nos últimos anos.

Segundo o documento, calcula-se que 28,5 milhões de pessoas emigraram de seus respectivos países latino-americanos e caribenhos em 2010 (4,8% do total da população regional), enquanto os países do continente receberam mais de 7,6 milhões de pessoas, que correspondem a 1,3% de sua população.

Os países são diferenciados, no relatório, de acordo com seu tamanho e características da migração. Especificamente naqueles com fortes fluxos migratórios recentes, migrantes têm rendas médias mais baixas que os nativos, sofrem elevados níveis de informalidade laboral e possuem uma cobertura de seguridade social significativamente mais baixa que os ocupados nativos, em especial as mulheres migrantes.

No entanto, em quase todas as nações cobertas pelo estudo (Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Paraguai, República Dominicana, Uruguai e Venezuela), mais de 80% da população migrante economicamente ativa provêm de países da própria região, com exceção de Brasil, México e Panamá.

De acordo com a CEPAL e OIT, os resultados da investigação afirmam a importância de fortalecer os mecanismos de integração laboral, para o qual é indispensável uma perspectiva de gênero.

Para isso, no relatório são também revisadas as políticas requeridas para fomentar a inserção dos trabalhadores migrantes a empregos produtivos e trabalho decente e aos avanços recentes na agenda do desenvolvimento internacional.

Fonte - ONU

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