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29/05/2017 às 12:39, Atualizado em 29/05/2017 às 16:41

Chega de Galvão! Globo perde exclusividade da Seleção e espectador está livre do narrador

Depois de décadas de exclusividade, que perdura desde a Ditadura Militar, a Rede Globo de Televisão finalmente perdeu a exclusividade.

Depois de décadas de exclusividade, que perdura desde a Ditadura Militar, a Rede Globo de Televisão finalmente perdeu a exclusividade da transmissão dos jogos da Seleção Brasileira de Futebol. A informação foi dada em primeira mão pelo repórter do R7 Cosme Rímole, um dos mais conceituados do País.

Agora, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) pode negociar livremente os jogos da Seleção em qualquer canal de TV, ou mesmo transmitir via web.

Confira na íntegra o texto de Cosme Rímoli:

"A crise atual é uma herança maldita de presidentes presos, indiciados ou investigados pela justiça e um deles permanece no poder. Será que, em um momento tão crítico, Marco Polo Del Nero tem condições morais para decidir o futuro da Seleção Brasileira?

"E é sempre bom lembrar que a Seleção pertence ao torcedor ao povo. Ela não pertence a nenhum dirigente e, principalmente, aqueles que trabalharam à margem da lei."

Esse foi o pronunciamento de Galvão Bueno no Jornal Nacional, na noite do dia 13 de junho de 2016. Há menos de um ano, o narrador usava o principal telejornal da emissora para atacar o presidente da CBF. O Brasil havia sido eliminado de forma precoce da Copa América disputada nos Estados Unidos. A pressão era enorme sobre Dunga. Não só sobre ele, como também sobre o governo Dilma Rousseff. A presidente trilhava o caminho inexorável do impeachment.

Dilma fazia qualquer coisa para tentar sobreviver. Ela foi aconselhada a intervir na CBF. Destituir Marco Polo e promover uma reforma nos estatutos, deixando o caminho aberto a ex-atletas como Raí ou Leonardo comandarem o futebol no país. A Bancada da Bola, políticos que defendem o presidente da CBF em Brasília, conseguiu travar a manobra. Dilma titubeou. E, na luta pela luta pela sobrevivência, Marco Polo não era prioridade.

Quando Michel Temer colocou a faixa de presidente, no dia 31 da agosto de 2016, Tite já era o treinador da Seleção, assumiu no dia 20 de junho. E a Bancada da Bola pôde respirar aliviada.

Mas Marco Polo percebeu. A parceria com a Globo não era nada profunda. A emissora que ganhou o monopólio do futebol no país, desde a Ditadura Militar, não só virou as costas no pior momento do dirigente, quando dirigentes da Fifa foram presos por corrupção. Entre eles, o ex-presidente e parceiro de Marco Polo, o ex-governador biônico de São Paulo, José Maria Marin.

A devassa do FBI na Fifa aconteceu na Suiça, em maio de 2015. Os dirigentes estavam reunidos para um congresso. Assim que José Marin foi preso, Marco Polo del Nero voltou para o Brasil. O país viveu a expectativa de que ele também seria indiciado. Com informações bancadas pela própria Globo. Só que nada aconteceu. Ele segue investigado pelo FBI e pelo Departamento de Justiça, só que nada teria sido encontrado envolvendo seu nome. As investigações continuam. E, aconselhado por seus advogados, Del Nero nunca mais saiu do país.

A Globo acabou prejudicada. Sem Del Nero, foram definidos os jogos das Eliminatórias da Copa de 2018. Ao contrário do que sempre aconteceu, o presidente da CBF não estava na Suíça na definição da tabela. E a emissora teve de aceitar jogos às 20 horas durante a semana, implodindo sua programação. A ira dos executivos globais veio à tona na eliminação do Brasil na Copa América dos Estados Unidos.

Galvão Bueno não fala uma palavra no Jornal Nacional sem autorização da direção da emissora. Ele é o porta-voz da Globo no esporte. E quando questionou se Marco Polo tinha condições morais para comandar a CBF, não era o narrador quem estava falando. Era a própria dona do monopólio do futebol no país e sócia, de papel passado, da CBF na Copa do Mundo de 2014.

As pessoas próximas de Marco Polo sabem o quanto ele sentiu o golpe. E estes mesmos amigos sabem o quanto ele é vingativo. E, em silêncio, articulou sua 'vendetta'. Ela veio à tona hoje.

A Seleção deixará de ser propriedade da TV Globo. Simples assim. Depois de décadas, acabou o contrato de exclusividade nos amistosos do Brasil. E também não será renovado o dos jogos eliminatórios para o Mundial de 2022, caso o time de Tite não seja o campeão na Rússia.

O que já era muito comentado nos bastidores, estourou hoje, de forma clara.

A Folha teve acesso aos detalhes.

A começar pelos amistosos na Austrália, no próximo dia 9, contra a Argentina e dia 13, contra a Austrália. Em silêncio, Marco Polo e seus executivos de marketing, trataram de imitar o que já acontece com as grandes clubes e ligas da Europa. Costuraram um acordo com uma tevê a cabo, a TV Brasil. Praticamente asseguraram a tevê aberta, com a Bandeirantes. Estão fechando com o Facebook para mostrar os amistosos pela Internet.

A transmissão será comandada por uma equipe montada pela CBF. O comentarista já está definido. Pelé. Ele fará suas observações sobre os amistosos de um estúdio no Rio de Janeiro. Mais de 50 profissionais já foram contratados e serão anunciados nas próximas horas.

Além de ganhar mais dinheiro, a CBF realizará o sonho de seus dez patrocinadores. A Nike, a Gol, a Ultrafarma, o Itaú, a Vivo, o Guaraná Antarctica, a Universidade Brasil, a Cimed e a English Live. Todos deverão ser citados pelo menos três vezes na transmissão de cada partida. Será o grande atrativo para segurá-los, apesar das investigações sobre Marco Polo continuarem.

A CBF já havia perdido seis patrocinadores Gillette, Sadia, Michelin, Unimed, Samsung e Chevrolet. As investigações do FBI e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos sempre foram uma grande ameaça para o restante da debandada.

Agora, com a presença garantida na transmissão dos amistosos, os patrocinadores devem seguir, felizes, com a Seleção Brasileira.

Haverá ainda espaço para outros patrocinadores durante os jogos.

Como revela o jornal, que teve acesso ao que a CBF exige dos patrocinadores esporádicos à Internet. "Segundo o documento, cada cota de publicidade é oferecida para os dois amistosos por R$ 2,3 milhões -R$ 1,8 milhão para o Facebook e R$ 500 mil para os cofres da entidade presidida por Marco Polo Del Nero. Inicialmente, a intenção dos novos parceiros da entidade é vender as cotas pelo menos para cinco empresas.

O comprador terá direito a três menções e duas inserções durante a partida em cada tempo. A marca do parceiro também será exibida nos intervalos das partidas.

De acordo com o projeto, os anunciantes já terão suas marcas exibidas em anúncios promocionais dos amistosos a partir do dia primeiro de junho.

A Globo, se quiser, pode tentar fazer novo contrato para os amistosos. Mas sem exclusividade. E mostrando os patrocinadores da CBF.

É uma vingança sangrenta contra a emissora carioca. A cada ano está mais difícil para a Globo conseguir manter o R$ 1,5 bilhão de patrocínio no futebol. A Seleção de Tite, com exclusividade, era um atrativo excepcional. Só que a 'exclusividade' não existe mais para os amistosos. Só vale para as Copas do Mundo de 2018 e 2022, negociada diretamente com a Fifa, sem concorrência. Foi um prêmio pela colaboração na Copa de 2014.

Só que até o Mundial da Rússia haverá pelo menos oito amistosos.

Em março já está definido que o Brasil terá pela frente a Alemanha.

A CBF negocia com equipes poderosas.

Como França, Itália e Holanda.

A notícia é uma bomba não só para a Globo.

Além da tevê aberta, há os canais fechados e Internet.

O Sportv e o globoesporte.com perdem a exclusividade sobre o selecionado brasileiro.

O cenário publicitário sofrerá uma guinada inacreditável.

Del Nero fez o que outros presidentes da CBF tinham medo até de pensar. Exercer o poder sobre a Seleção Brasileira. E virar as costas para a Globo. Se proteger de uma futura liga dos clubes para organizar o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil. As equipes não fazem hoje porque seus dirigentes são desunidos, acovardados ou com compromissos financeiros com a CBF. Mas Marco Polo sabe que este dia chegará.

Por isso, resolveu agir.

O grande motivador foi a vingança da Globo.

Se sentiu traído pela emissora.

E como seus amigos garantem, ele é muito rancoroso.

Com a maquiavélica mudança nos estatutos da CBF, Marco Polo segue com o poder nas mãos. E, se quiser, seguir como presidente da entidade até 2027. Ele tem 76 anos. Poderá comemorar 86 anos sendo o mandatário do futebol neste país.

Esta noite é motivo para champanhe, que ele tanto gosta.

Com a revelação do fim do monopólio da Globo sobre a Seleção.

A festa para Del Nero não terá hora para acabar.

Enquanto isso, o clima é de velório na emissora carioca.

Hoje não haverá pronunciamento de Galvão Bueno no Jornal Nacional...

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