Publicado em 22/01/2024 às 06:30, Atualizado em 21/01/2024 às 17:55

Afogamento é a primeira causa de morte de crianças de 1 a 4 anos

Dados do Corpo de Bombeiros aponta uma média de 98 ocorrências de afogamentos por ano no Mato Grosso do Sul

Redação,
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Maiores ocorrências são no verão, período de férias escolares. Foto -  Marcos Maluf

Com a chegada do verão, época de muito calor e férias escolares, os cuidados com as crianças devem ser redobrados, principalmente, quando envolve água, ou seja, em banhos de piscinas, rios, lagos, cachoeiras, pois a maior causa de mortes de crianças de um a quatro anos é o afogamento. Especialista em salvamento aquático, tenente Paulo Lima, orienta o que fazer nesses casos.

Dados do Corpo de Bombeiros aponta uma média de 98 ocorrências de afogamentos por ano no Mato Grosso do Sul. Em 2022, foram 74 vítimas, 20 delas foram encontradas sem vida, já no ano passado, foram 122 pessoas que sofreram acidentes na água, infelizmente, 33 não resistiram. Em 2023, o maior número de ocorrências foi em fevereiro, com 20 pessoas solicitando socorro, atipicamente, em novembro também houve um número elevado de afogamentos, com 16 acidentes. As maiores vítimas são as crianças, informações da SOBRASA (Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático) revela que a primeira causa de morte em crianças de um a quatro anos é o afogamento.

“O período que costuma ter mais afogamentos, é esse período de fim de ano, época de verão, férias escolares, que acaba acontecendo mais acidentes em águas. Atipicamente, no ano passado teve um número alto em novembro, pela questão do tempo seco, com bastante calor, não teve frio, isso influenciou na elevação desse acidente num mês que é mais tranquilo. As ocorrências acontecem mais com crianças, a primeira causa de mortes em crianças de um a quatro anos é o afogamento, em crianças de cinco a nove anos é a segunda maior causa de mortes, então são elas que mais sofrem com essa questão. A maior parte desses afogamentos ocorrem em residências, ou seja, piscinas, banheiras, até em baldes, são mais de 50% dos casos, 55% desses acidentes ocorrem em casas”, revela o Tenente.

O tempo para uma pessoa perder a vida nesse acidente é muito rápido, o Tenente explica que nesses casos o pulmão fica muito comprometido, dificultando o salvamento do indivíduo. “Cada pessoa, cada organismo, age de uma maneira, temos uma média de tempo em que o afogamento vai ficando mais difícil de se reverter, geralmente passados três minutos de imersão daquela pessoa debaixo da água, vindo a engolir uma quantidade grande, esse é um tempo que já dificulta bastante conseguir trazer aquela pessoa de volta. Com a quantidade de água que se aspira, os pulmões ficam, praticamente, todos comprometidos. A nossa capacidade pulmonar é em torno de seis litros, então se ingerir aquela água e preenchendo, fica difícil. Em termos um pouco mais técnicos, a água ocupa um espaço que seria ocupado pelo ar, então o oxigênio não consegue mais chegar e como a gente não consegue fazer aquela retirada rápida da água que se acumula ali nos pulmões, fica praticamente inviável salvar aquela vida”, explica.

Quando o caso está acontecendo, a equipe do Corpo de Bombeiros passam duas orientações, para aqueles que estão sendo vítimas e para aqueles que vão tentar ajudar. Muitas pessoas acabam se desesperando, começam a lutar demais, assim acontece a maior parte dos afogamentos, pelo excesso de luta, desgaste físico, a pessoa acaba afundando e se afogando.

“A gente tem duas vertentes: para as pessoas que estão se afogando e das que desejam salvar alguém. A primeira, caso você esteja se afogando, evite lutar contra a correnteza, em caso de rios e mar, busque flutuar, evite se desgastar e ficar gritando, tente acenar por ajuda. E caso vá ajudar, primeiro de tudo, acione o Corpo de Bombeiros (193) para que tenha esse atendimento especializado, enquanto esse socorro não chega, tente buscar medidas para que a pessoa consiga flutuar, por exemplo, passar objetos flutuadores, como prancha, macarrão de espuma, boias de espumas, pedimos que evite boias e coletes de plástico, porque eles facilmente furam e esvaziam. Ofereça esse objeto flutuador para que a pessoa se acalme, depois tente conseguir uma corda, uma vara, ou outra coisa para conseguir puxar aquela pessoa para a margem” orienta.

É importante ressaltar que caso tente ajudar, é fundamental seguir as orientações de fora da água, em último caso ir até a pessoa. “Aquela pessoa que está ali se afogando vai fazer de tudo para tentar se salvar, ela puxará você para baixo também, assim ambos poderão se afogar. Caso seja raso o local, que é o que acontece muito com crianças, pode entrar e tirar, tentar fazer isso o mais rápido possível”, alerta Paulo Lima.

O especialista reforça a importância de ter atenção nas crianças e lembra que a responsabilidade é dos pais e responsáveis. Na maioria dos casos com menores, acontece pela curiosidade com a água, eles querem tocar quando veem o próprio reflexo e acabam caindo. “Passamos diversas medidas de prevenção, principalmente relacionado a criança. A atenção dos pais e/ou responsáveis deve ser total, manter a proximidade quando a criança estiver brincando na água, acompanhar, não apenas ficar observando a distância, porque o afogamento é uma coisa muito rápida. A responsabilidade é dos pais, é uma questão de obrigação que os pais têm para o cuidado com o menor. A gente intervém quando há necessidade, porque é o nosso trabalho, mas é no caso da emergência, quando o afogamento já está ocorrendo”.

O Tenente ressalta a relevância de saber os primeiros socorros. Aprender a verificar os sinais vitais para que quando uma situação de risco acontecer a pessoa tenha habilidades fundamentais para salvar a vida de uma outra pessoa.

“Tirou a pessoa da água, verifique os sinais vitais. Busque aprender a verificar, principalmente quem tem criança em casa, quem tem piscina, para caso aconteça afogamento conseguir checar uma pulsação, verificar como está o batimento cardíaco, a respiração. Caso a pessoa esteja inconsciente, sem respiração, vai necessitar de uma ventilação, uma respiração boca a boca, como popularmente dito, porque o afogado vai para o nível de inconsciência pela falta de oxigênio, então, a primeira coisa que ela precisa é disso, para voltar a respirar novamente. Então, é a primeira medida, é isso, aprender um pouco desses primeiros socorros”, pontua.

Além disso, outra medida de prevenção que ajudará, é colocar a criança na natação. Dessa forma, o menor conseguirá lidar melhor com essas situações, e, assim evitar o pior. “É uma questão de sobrevivência. A criança quando começa a aprender a natação, os primeiros passos orientados são esses, aprender a sobreviver caso venha a cair na água, a conseguir se apoiar na borda,conseguir nadar. Então é muito importante, se tiver condição, leve o seu filho para aprender a nadar, porque vale o investimento, além da prática de um esporte, é um esporte que ajuda a salvar a vida”, enfatiza o especialista.

Bebida alcoólica

A recomendação é se for consumir bebida alcoólica não ir para água. A maioria dos acidentes envolvendo adultos são com a vítima alcoolizada. “Maioria dos afogamentos que a gente atende em rios são de pessoas que foram para a margem e fizeram a utilização de bebida alcoólica, criaram aquela falsa coragem para entrar e vieram a se afogar. A ingestão da bebida alcoólica, atrasa os reflexos, a pessoa fica mais lenta, tendo uma dificuldade natatória, assim piora a situação, esse indivíduo acaba sendo puxado e levado pela correnteza, vindo a se afogar. Então a gente pede sempre que se consumir bebida alcoólica, evite entrar na água”, esclarece.

Caso recente

Um dos mais recentes casos de afogamento no Estado foi de uma menina de 2 anos, no último dia 13 de janeiro. Na ocasião, a criança estava com familiares em um rancho, em Sidrolândia, comemorando o aniversário da bisavó da menina. Alguns integrantes da família estavam jogando vôlei, quando o primo da mãe da criança quebrou o braço, então foram acudi-lo, nesse momento a criança sem supervisão caiu na piscina, a tia encontrou ela desacordada. O SAMU foi acionado, contudo ao chegarem no hospital já foi constatado que a menina estava sem vida. Foi solicitada pe- “Cada pessoa, cada organismo, rícia necroscópica e de local.

Por Inez Nazira (O Estado MS)